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De vendedor de picolé a dono de construtora

De vendedor de picolé a dono de construtora

Na área imobiliária, Valdecir Torezani se considera um "MacGyver"

Publicado em 4 de março de 2018 às 00:10

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Natural de Boa Esperança, o empresário Valdecir Torezani chegou à capital capixaba com apenas 16 anos e foi na Grande Vitória que construiu sua história. Hoje, ele tem uma imobiliária e uma construtora, mas, até a chegar a essas conquistas, passou por todo tipo de emprego. Já trabalhou como carregador de trouxa de roupas, vendedor de picolé, arrumador de estoques, distribuidor de panfletos, datilógrafo e várias outras funções, até que teve uma oportunidade na área de imóveis, segmento pelo qual se apaixonou e em que decidiu apostar.

Valdecir Torezani, dono da Imobiária Universal. (Cloves Louzada/Divulgação Imobiliária Universal)

"Sou natural de Boa Esperança, e em janeiro de 1969, quando tinha 16 anos, vim para Vitória. Para chegar até a Capital, contei com a ajuda de um primo, que pagou a minha passagem de ônibus de lá para cá, porque nem para isso eu tinha dinheiro. Nessa época, morava na casa de uma tia, que me dava comida, roupas e me ajudava muito.

Assim que cheguei em Vitória, logo comecei a trabalhar. Fiz de tudo. A minha primeira atividade era carregar trouxas de roupas para lavadeiras. Também carregava lenha, que eu buscava nas construções e levava para as casas das pessoas. Logo em seguida, trabalhei acendendo o forno de uma padaria. Pegava no serviço às 3 horas da madrugada.

Depois virei vendedor de sonhos. Eu vendia os sonhos pela manhã, almoçava, e à tarde ia vender picolé. Mesmo quando a pessoa não tinha dinheiro para comprar o picolé, eu aceitava como pagamento garrafas de vidro. Porque aí depois eu vendia a garrafa e garantia alguma forma de ganhar um trocado.

Na sequência, arrumei um serviço para distribuir panfletos, fora os outros empregos que já tive como: arrumador de estoque, vendedor de livros e de carnê do Baú. Trabalhei em muitos lugares, mas por pouco tempo. Eu ia evoluindo e mudava. Além disso, estava sempre em busca de um negócio que de fato me identificasse.

No final de 1970, eu, junto com o meu irmão, abri em Bela Aurora, Cariacica, uma mercearia de secos e molhados. Mas no final de 1971 vendi a loja e fui trabalhar como datilógrafo em uma imobiliária. Foi ali que percebi que o negócio de loteamentos era bom, e resolvi atuar como corretor.

Para isso, em 1972, fui para Belo Horizonte tirar meu Creci (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis). Desse ano até 1975, trabalhei nessa área de venda de terrenos na imobiliária Canaã, na Vila Rubim, em Vitória. Foi então que em 1975, eu e meu irmão montamos a Imobiliária Universal.

Daí em diante, começamos a fazer loteamentos em Campo Novo, Universal, Caxias do Sul e começamos a ganhar dinheiro. O primeiro empreendimento que fizemos foi no modelo de incorporação, porque não tínhamos muitos recursos, mas depois fomos comprando.

O primeiro loteamento, ainda em 1975, tinha pouco mais de 300 unidades e o segundo, em 1976, já foram 798 unidades. Dali, o negócio estourou, nós vendemos bem e lançamos vários outros empreendimentos. Comecei a ganhar dinheiro e montei um clube de futebol, que depois fiz dele uma sede social, onde promovia muitos eventos paralelamente à atividade imobiliária. Mas fiquei só um ano com esse clube.

Em 1979, resolvi entrar em um negócio, juntamente com uns tios e primos, que era uma empresa de móveis. Fizemos muitos armários embutidos. Mandávamos carretas de móveis para a Petrobras em Macaé. Já nos anos 1980, tive outra imobiliária, a Globo, que vendi 10 anos depois. Em 2008, eu e mais quatro irmãos criamos a Construtora Torezani.

Lá atrás, no início da empresa, éramos só eu e o meu irmão de funcionários, e hoje temos cerca de 100 empregados diretos. Já teve época que chegamos a ter 400 funcionários, mas muitos serviços foram sendo terceirizados, o que reduziu o quadro direto.

Eu sempre tive a expectativa de crescer e sempre tive um sonho infinito. E o papai ensinava a gente a importância de trabalhar com produtividade. Mesmo na roça, ele perseguia essa produtividade. Aí eu coloquei esse conceito em prática e trabalhei muito. Eu falava que tinha sorte, mas percebi que quanto mais eu trabalhava mais sorte eu tinha na vida (risos). Aliás, abria mão de feriados e finais de semana. Só depois de 15 anos atuando nessa área, passei a ter Natal e Ano Novo. Mas até hoje tenho atividades 15 horas por dia.

Ao longo desses anos no mercado, já ganhamos muitos prêmios, e o desafio foi crescer ininterruptamente. Ano a ano estamos conseguindo isso, claro que uns anos com crescimento maior e outros menor. Mas diante de tantos planos econômicos e mudanças de moedas nesses mais de 40 anos, a experiência foi muito positiva e me orgulho dela. Me considero um “MacGyver” na área imobiliária. Nesses anos, mais de 400 imobiliárias fecharam e nós somos umas das poucas que se manteve no mercado.

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Felizmente já realizei muitos sonhos, mas sempre ainda existem muitos para conquistar. Meu grande sonho é continuar evoluindo para ajudar a minha família e a comunidade. Quero continuar unido com meus três filhos e minha esposa, e fazer minhas atividades. Gosto muito de praticar esportes, jogar beach tênis. E mesmo prestes a completar 65 anos não pretendo me aposentar das atividades. Claro que já não entro em negócios muito arriscados e não faço aquelas reuniões tensas. Mas onde tiver bons negócios, vou estar sempre atento."

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