Publicado em 30 de abril de 2020 às 19:39
As contas públicas do país registraram um déficit primário de R$ 23,7 bilhões em março, pior resultado desde dezembro de 2018.>
Os dados divulgados pelo Banco Central nesta quinta-feira (30) ainda não refletem os efeitos da crise do coronavírus.>
Em fevereiro, o rombo foi de R$ 20,9 bilhões e, em março do ano passado, o déficit foi de R$ 18,6 bilhões.>
No acumulado do ano, o resultado primário foi positivo em R$ 11,7 bilhões, puxado por janeiro -que teve superávit de R$ 56,2 bilhões.>
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O resultado primário indica a capacidade do governo de pagar as contas, exceto os encargos da dívida pública. Se as receitas são maiores que as despesas, há superávit. Caso contrário, há déficit.>
De acordo com os dados do BC, houve piora nas contas dos estados e municípios, que teve déficit de R$ 2,6 bilhões. Em fevereiro, os governos regionais tiveram superávit de R$ 5,24 bilhões.>
"Ainda não temos elementos suficientes para afirmar que foi resultado de efeito do coronavírus, com a queda da arrecadação e aumento de gastos por conta da pandemia. Mas houve diminuição de repasse da União", analisou Fernando Rocha, chefe do departamento de Estatísticas do BC.>
A meta fixada em lei era de déficit de R$ 118,9 bilhões para 2020. Mas, com o decreto de calamidade pública por conta da pandemia da Covid-19, esse valor poderá ser maior.>
O resultado nominal, que inclui os juros da dívida pública, foi deficitário em R$ 79,7 bilhões em março, maior da série para o mês.>
No acumulado em 12 meses, resultado nominal foi negativo em R$ 457,9 bilhões, o equivalente a 6,24% do Produto Interno Bruto (PIB), 0,22 ponto percentual a mais que em fevereiro.>
Em março, houve queda na dívida líquida do setor público em 1,9 ponto percentual, alcançando 51,7% do PIB (Produto Interno Bruto).>
De acordo com o BC, a diminuição ocorreu por conta da forte alta do dólar no período, de 15,6%.>
Quando há valorização da moeda americana, há também redução do valor da dívida líquida em reais por conta das reservas internacionais.>
"Como a dívida líquida é credora em moeda estrangeira, sempre que o dólar aumenta, significa uma redução", disse Rocha.>
A dívida bruta, no entanto, aumentou 1,7 ponto percentual e foi para 78,4% em março.>
Nesta quarta-feira (29), o governo afirmou que o déficit deve ficar acima de R$ 550 bilhões neste ano, devido ao aumento de gastos públicos entre abril e junho por conta da pandemia.>
De acordo com o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, os rombos devem começar a diminuir somente a partir de julho.>
Os comentários foram feitos durante entrevista sobre os dados fiscais divulgados pelo Tesouro, que registraram déficit de R$ 21 bilhões em março.>
Os números divulgados pelo Tesouro e pelo Banco Central têm metodologias diferentes. A autoridade monetária utiliza o cálculo "abaixo da linha", que leva em conta a necessidade de financiamento do setor público descontando os juros da dívida.>
O Tesouro calcula os dados fiscais "acima da linha", que são receitas menos despesas, exclusive juros.>
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