O café da manhã está pesando cada vez mais no bolso do capixaba. Um levantamento da Empresa Júnior de Administração da Faculdade Doctum de Vitória mostrou que o custo da refeição matinal subiu 9,8% nos nove primeiros meses de 2018, e o maior responsável por essa evolução foi o leite, que ficou 46,5% mais caro. Enquanto em dezembro de 2017 o preço do litro era em média R$ 2,28, em setembro deste ano o valor passou para R$ 3,34.
Uma das razões para que o leite virasse o vilão foi a queda na oferta, segundo o professor Paulo Cezar Ribeiro, que supervisionou a pesquisa. Em 2017, o Brasil estava importando muito leite em pó do Uruguai, e nosso leite líquido estava sobrando, o que desestimulou os produtores daqui. Outro fator foi o aumento do ICMS aplicado neste ano pelo governo do Estado, que elevou a alíquota de 12% para 17% do leite longa vida vindo de fora do Espírito Santo.
Com o leite mais caro, os derivados também subiram. O custo do queijo muçarela, de acordo com o boletim, teve uma evolução de 28,8%, e foi o segundo produto do café da manhã que mais subiu.
Na sequência as maiores altas de preço foram da laranja pera (27%), da mamão papaia (22,7%), e do pão francês (5%). O preço do pão tem relação com o dólar, já que grande parcela do trigo vem do exterior e tem cotação internacional, avaliou Paulo Cezar. Qualquer alteração nele pesa muito no bolso, já que é o carro chefe do café manhã.
A pesquisa foi realizada mensalmente em redes de supermercados da Grande Vitória e considerou dois tipos de café da manhã: um completo, com dez itens, e outro mais simples, com cinco produtos básicos (leite longa vida, açúcar, pó de café, pão francês e manteiga). Nesse último, o custo aumentou em 7,1%.
Em contrapartida, alguns itens tiveram queda no preço, como o açúcar refinado, banana e pó de café. Apesar de ter caído em 12,5%, a variação do açúcar não é tão significativo, porque a participação dele no café é uma das menores. As maiores são o pão francês, queijo muçarela e leite, que tiveram aumento, diz Paulo Cezar.
Para o economista Mário Vasconcelos, o segredo para driblar esses aumentos está na pesquisa de preços. A dica é procurar nas padarias e supermercados pelo valor mais baixo e não desperdiçar nenhuma comida. Se sobrou pão no dia anterior, vale fazer uma torrada, por exemplo, aconselha.
CAFÉ REPRESENTA 34% DO GASTO COM ALIMENTAÇÃO
De acordo com a pesquisa, o café da manhã corresponde em média a 34% dos gastos em alimentação das famílias. Esses itens equivalem a quase 1/3 das compras, e o restante é usado com o almoço e jantar, que têm custos maiores com carne, arroz e feijão, explicou Paulo Cezar Ribeiro, professor responsável pelo levantamento.
O café completo está prejudicando o orçamento. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Vitória, monitorado pelo IBGE, foi de 3,78% no mesmo período da pesquisa, ou seja, o valor da refeição matinal subiu mais do que o dobro da inflação, destacou Paulo Cezar.
Para o economista Mário Vasconcelos, essa alta de 9,8% nos itens do café da manhã impacta no bolso porque o salário do consumidor continua o mesmo. Leite é um produto que todos tomam, inclusive as classes menos favorecidas, e isso causa grande impacto. Enquanto nosso salário aumenta uma vez por ano, o valor dessas mercadorias muda várias vezes.
O jeito é se adaptar. Com filho de 1 ano e 5 meses, Araçagipe Junior, de 37 anos, teve que buscar marcas mais baratas para continuar consumindo o leite. No início do ano custava cerca de R$ 1,99. Hoje, na promoção, a gente acha por R$ 2,59. Com criança em casa, uma caixa de leite dá para no máximo 15 dias. A saída foi mudar de marca, contou.
SOBE E DESCE
O que aumentou
Leite longa vida
+46,5%
Queijo muçarela
+28,8%
Laranja pera
+27%
Mamão papaia
+22,7%
Pão francês
+5%
Manteiga extra
+4,6%
O que diminuiu
Açúcar refinado
-12,5%
Banana prata
-12%
Pó de café
-2,6%
Achocolatado
-0,6%
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