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Com pós-Copom e com foco na Eletrobras, Bolsa fecha em baixa de 0,93%

Com pós-Copom e com foco na Eletrobras, Bolsa fecha em baixa de 0,93%

Em junho, o índice havia fechado a primeira sessão do período a 128 267 pontos, vindo de 126.215 no encerramento de maio. Agora, os ganhos no mês se resumem a 1,46%

Publicado em 17 de junho de 2021 às 18:17

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Mercado financeiro, bolsa de valores, ações, mercado de capitais, B3
Mercado financeiro, bolsa de valores, ações, mercado de capitais, B3. (Pixabay)

Com um olho nas idas e vindas de 'jabutis' na proposta final de votação da MP da Eletrobras no Senado, e reagindo aos sinais de que a inflação entrou com vigor no radar de preocupações do Federal Reserve e do Copom, o Ibovespa anotou nesta quinta-feira perda de quase 1%, em seu maior ajuste negativo desde a queda de 2,65% registrada no fechamento de 12 de maio. Perspectiva de juros mais altos ao longo do tempo, aqui e no exterior, não fere de morte o otimismo que ainda endereça o índice da B3 em junho ao quarto mês de ganho consecutivo - embora possivelmente menor do que o visto em cada um dos três anteriores. Inflação, crise hídrica, negociações políticas debilitantes para propostas modernizadoras contribuem, no entanto, para mitigar parte do entusiasmo que se viu desde as revisões sobre PIB e contas públicas.

Nesta quinta-feira pós-Copom e pós-Fed, o Ibovespa fechou em baixa de 0,93%, aos 128.057,22 pontos, no menor nível do mês. Em junho, o índice havia fechado a primeira sessão do período a 128 267,05 pontos, vindo de 126.215,73 no encerramento de maio. Agora, os ganhos no mês se resumem a 1,46%, limitando os do ano a 7,60% - na semana, cede 1,07%. Nesta véspera de vencimento de opções sobre ações, o giro na B3 foi de R$ 38,0 bilhões.

"Na decisão do Copom, o que mais chamou atenção, no comunicado, foram as preocupações relacionadas à inflação, em que cita especialmente a questão do risco hídrico, por conta do aumento das tarifas de energia. Menciona também os preços das commodities e uma preocupação mais para frente, que é a continuidade das reformas estruturantes, como a tributária e a administrativa, que estão sendo negociadas agora no Congresso", diz Roberto Indech, estrategista-chefe da Clear Corretora. "Pra próxima decisão, daqui a 45 dias, (o BC) coloca aumento de 0,75 (ponto porcentual). No entanto, se a inflação permanecer mais elevada do que as expectativas, eles podem aumentar esse número, então é preciso estar bastante atento a isso, pra ver se será o quarto aumento consecutivo de 0,75 (pp) ou se ficará acima", acrescenta o estrategista.

"Após a decisão (da quarta), dentro do esperado, o ponto mais relevante do comunicado talvez tenha sido a indicação de que o ajuste na taxa de juros pode ser maior do que o BC vinha indicando anteriormente, com a retirada da menção a ajuste parcial", diz Fernando Siqueira, gestor de renda variável da Infinity Asset. "Apesar disso, o impacto tende a ser pequeno no mercado financeiro. Renda fixa pós-fixada pode ser beneficiada, com aumento dos rendimentos, como CDBs e LFTs, assim como o real tende a se fortalecer, com 'carry trade'. As ações de empresas do setor financeiro tendem também a ser marginalmente beneficiadas, especialmente as de seguradoras."

Para Thiago Nemézio, líder de alocação da Blue3, o comunicado do Copom deixou desta vez bem clara a "preocupação com a inflação", mostrando alguma surpresa com sua "resiliência". Ainda assim, mesmo com a perspectiva aberta para Selic mais alta ao fim do ano, as revisões para o PIB tendem a continuar contribuindo para o apetite por renda variável, notadamente Bolsa, diz o especialista. "Os preços (dos ativos em Bolsa) não estão esticados se considerarmos o Preço/Lucro em relação às médias históricas", acrescenta.

Ainda assim, o Ibovespa teve nesta quinta desempenho abaixo do observado em Nova York, no fechamento, com Dow Jones em queda de 0,62% e o Nasdaq, em alta de 0,87%. Refletindo a acentuação do ajuste em Eletrobras, assim como o desempenho negativo dos setores de mais peso no índice, como commodities, bancos e siderurgia, o Ibovespa aprofundou perdas depois do meio da tarde, renovando mínima desta quinta-feira a 127.576,44 pontos, em queda então de 1,30% - na máxima de hoje, foi aos 129.919,47, com abertura a 129.259,44 pontos.

"Considero importante a privatização da Eletrobras, mas ela não pode ser feita a qualquer custo - e a negociação política, para aprovação, envolve custos que podem distorcer a finalidade a que se propunha a MP. Se o custo for muito alto, talvez o melhor a fazer é deixar para outro momento", diz Nemézio, da Blue3. "Quando os investidores começam a se frustrar por vários motivos, vem essa correção. A inclusão de novos trechos, novas regras, que não estavam previstos, resulta nisso. O principal é que precisa votar até dia 22, pode caducar sem que se chegue à votação. A expectativa de capitalização vai indo por água abaixo, frustrando os investidores", diz Marcus Araújo, economista e sócio da Valor Investimentos.

Nesta quinta-feira, Eletrobras ON e PNB fecharam, respectivamente, em baixa de 3,05% e 3,18%, entre as de pior desempenho na carteira Ibovespa nesta sessão - na ponta do índice da B3, destaque para Braskem (-5,38%), CSN (-4,95%) e PetroRio (-4,54%). A queda de preço do petróleo também colocou pressão sobre Petrobras PN e ON, em baixa de 3,47% e 3,08% no fechamento, enquanto Vale ON mostrava perda de 2,08%. Dia também negativo para as ações de bancos, após os ganhos do dia anterior: nesta quinta, sob liderança de BB ON (-2,38%). Na ponta positiva do Ibovespa, destaque para Banco Inter (+5,35%), Magazine Luiza (+4,92%) e Locaweb (+4,79%).

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