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Com greve, importação de diesel despenca 36,4% em maio, diz ANP

Com greve, importação de diesel despenca 36,4% em maio, diz ANP

Associação do setor afirma que negócios estão parados desde os protestos

Publicado em 4 de julho de 2018 às 01:45

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(Gasolina)

Desde que o governo decidiu tabelar o preço do frete, em decorrência da greve dos caminhoneiros, no fim de maio, as importações de combustíveis foram interrompidas, de acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), que reúne cerca de 60% das empresas que compram gasolina e diesel do exterior e revendem no Brasil. Dados da ANP mostram que houve queda de 36,4% nas importações de diesel em maio na comparação com abril. Segundo Sérgio Araújo, presidente da Abicom, o desempenho já vinha em queda desde dezembro do ano passado, quando a Petrobras passou a vender os combustíveis no Brasil abaixo da paridade internacional, prejudicando, segundo ele, a concorrência com as importadoras de combustíveis.

"Desde que o governo, via decreto, decidiu estabelecer o preço de referência abaixo da paridade internacional, as importações foram praticamente a zero. A revenda de diesel e gasolina no Brasil por essas empresas ficou inviabilizada. Estamos caminhando de volta para o monopólio", disse Araújo.

Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), as importações de diesel caíram 8,3% em maio em relação ao mesmo mês do ano anterior. Já em comparação ao mês de abril, houve um tombo de 36,4%. No caso da gasolina, a queda chegou a 9,4% na comparação anual e foi de 26% em relação ao mês de abril. Para a ANP, as empresas privadas são responsáveis hoje por cerca de 90% das importações de diesel e gasolina. Segundo Araújo, os combustíveis importados respondem por 20% a 30% do volume consumido no país.

"Desde que a situação começou a se agravar, iniciamos uma conversa com a ANP de forma a pedir mudanças nesse cenário", alertou o presidente da Abicom, que diz temer que a Petrobras não consiga atender ao consumo com importações.

"Já levamos esse alerta à ANP. O ideal é que o preço do frete leve em conta as cotações internacionais, a margem e os custos de logística. A dúvida é saber se a Petrobras terá a velocidade necessária para importar o mesmo que as empresas privadas. A médio e longo prazos, o risco é estrutural, uma vez que não há previsão de novas refinarias. E, agora, com a decisão da Petrobras de suspender a busca de parceiros no refino, não haverá investidor privado para fazer esses investimentos", disse Araújo.

INICIATIVA AFASTA INVESTIDORES

O consultor David Zylbersztajn, ex-diretor-geral da ANP, lembrou que o Brasil está importando cada vez mais combustível. Sobre o eventual risco de desabastecimento a curto prazo, ele diz que há dúvida se a Petrobras consegue atender a todo o mercado.

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"O tabelamento do frete afasta investidores para o refino. Esse tipo de iniciativa beneficia empresas menos competitivas. Não tem como controlar o preço do diesel na bomba. É preciso segurança jurídica para dar maior estabilidade e atrair investidores".

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