Publicado em 9 de fevereiro de 2018 às 22:30
Com métodos normatizados pelo Alcorão, frigoríficos capixabas estão se especializando no abate de animais voltado para o consumidor muçulmano. O mercado halal (que pode ser traduzido do árabe como permitido) já é o segundo maior exportador de alimentos brasileiros, atrás apenas do mercado chinês.>
Para conseguir o certificado exigido pelos países árabes é preciso que o animal abatido seja degolado com a cabeça voltada para Meca, que um muçulmano manuseie a faca e que pronuncie a oração Bismilbah Allahu Akbar (Deus é maior).>
Diferentemente do abate convencional, em que o animal é desmaiado com um dardo cativo e fica inconsciente, no abate halal a sangria precisa ser feita com o animal que ainda demonstre vitalidade. Esse método, segundo especialistas, diminui o sofrimento, já que o golpe deve cortar a traqueia, o esôfago, as artérias e a veia jugular, apressando a morte do animal.>
De acordo com o assessor especial da presidência da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Tamer Mansour, também não é aceito o sangrador automático e nem componentes de origem suína.>
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No Espírito Santo, o frigorífico Frisa, que começou em Colatina e já tem outras unidades pelo país, atende a esses requisitos há 20 anos e exporta entre 300 e 400 toneladas por mês de carne bovina para os árabes. A quantia representa cerca de 20% das exportações da empresa, explica o export manager do Frisa, Marcelo Colonezi.>
Trabalhamos para aumentar as vendas neste mercado e, inclusive, vamos a uma feira em Dubai (EAU) para buscar novos compradores. Os maiores importadores do Frisa nesse mercado são Arábia Saudita, Emirados Árabes, Jordânia, Palestina e Líbano. São cerca de 15 contêineres por mês, conta.>
Em processo final de certificação, quem também passará a vender para o mercado árabe é a avícola Uniaves, de Castelo. De acordo com o diretor de agropecuária e industrial da empresa, Ideraldo Lima, a certificação deve estar concluída ainda em fevereiro.>
São países que importam muita carne de frango do Brasil e é um mercado interessante para nós. A empresa tem uma meta de quadruplicar a produção, e entrar no mercado halal é um dos passos para isso, revela.>
De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, os países árabes são o segundo maior importador de alimentos do Brasil, responsáveis por 12,9% das exportações brasileiras. Este mercado trouxe para a economia nacional, US$ 9,9 bilhões, cerca de R$ 30,6 bilhões.>
É uma população de 1,6 bilhão de pessoas e o Brasil é um dos maiores fornecedores de proteína animal halal. Além da carne, vemos um potencial grande para produtos da linha de cosméticos e farmacêuticos, que não possuem colágeno e outros produtos de origem suína", destaca Mansour.>
O presidente do Sindicato da Indústria do Frio do Espírito Santo (Sindifrio), Evaldo Lievore, afirma que há espaço para outras empresas capixabas com estrutura capaz de atender os consumidores muçulmanos.>
A ideia é aumentar o número de empresas certificadas. Há muitos empresários buscando informação, estamos em contato com pessoas especializadas e acho que temos condições de atender essas demandas, analisa.>
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