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Balança desigual: 27 cidades do ES têm mais aposentados que trabalhadores

Balança desigual: 27 cidades do ES têm mais aposentados que trabalhadores

27 municípios têm mais aposentados que trabalhadores formais

Publicado em 23 de abril de 2019 às 01:15

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Muniz Freire aparece em 1º entre as cidades com maior proporção de aposentados. (Divulgação/Governo do Estado/Cesan)

O envelhecimento da população brasileira, evidenciado pela necessidade de se reformar a Previdência, juntamente com alguns fatores econômicos têm feito vários municípios capixabas viverem um verdadeiro fenômeno. Em um terço das cidades do Espírito Santo há mais aposentados do que trabalhadores formais na iniciativa privada ou no serviço público municipal.

Selo GDados. ( A Gazeta)

Levantamento feito por

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com base em dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e de números de aposentados do INSS e dos regimes próprios disponibilizados pela Secretaria da Previdência mostra que essa balança é desigual em 27 cidades, todas de pequeno porte. Não foram considerados servidores estaduais e federais, ativos e inativos, por não ser possível quantificá-los por município.

Em situação mais preocupante estão as cidades de Muniz Freire, Alto Rio Novo e Pancas, em que a proporção de aposentados para cada trabalhador é de quase dois, ou seja, quase o dobro de inativos (confira todos os 27 e as proporções no infográfico acima).

Essa situação, para o economista Eduardo Araújo, ressalta a necessidade de uma reforma da Previdência que acabe com as aposentadorias precoces, estipulando uma idade mínima que deixará os trabalhadores mais tempo em atividade. “A população está vivendo mais, mas as regras atuais da Previdência, sem idade mínima, favorecem pessoas a se aposentarem mais cedo. Alguns ainda não são idosos”, frisa.

 

DINAMISMO

O fato de todos esses municípios com mais aposentados que trabalhadores serem pequenos aponta ainda para outro problema: o da falta de dinamismo na economia local.

Isso porque são cidades basicamente voltadas para a agricultura, conforme explica o economista Juliano César Gomes. “São localidades voltadas ao setor primário, que é a agricultura, e de forma menor para o comércio. Mas não têm grandes projetos industriais, por exemplo, que é o setor mais intensivo para criar empregos. Essas plantas industriais costumam ficar nos grandes centros.”

Essa falta de emprego formal, além de resultar em baixa arrecadação de contribuições previdenciárias para bancar os aposentados, leva a quatro consequências graves para essas cidades. A primeira, para Eduardo Araújo, é o conjunto de dificuldades que enfrenta a administração pública municipal, com baixa receita própria e com a necessidade de atuar como grande empregadora da cidade.

FALTA DE EMPREGO

A segunda resulta em profissionais indo para a informalidade ou ficando desempregados. “A maioria dos trabalhadores rurais não possui uma atividade formalizada, por exemplo. Até nos comércios em pequenas cidades isso acontece muito. Além do cenário de desemprego”, comenta Juliano, que pontua que diante desse cenário nasce uma outra consequência que acaba sendo a grande causadora da proporção baixa de trabalhadores diante dos aposentados: a do êxodo rural e migração da mão de obra para as grandes cidades.

“O potencial de fixação de mão de obra é pequeno. Há essa tendência natural do êxodo, já que a população mais jovem não encontra atrativos econômicos para permanecer no local e migram atrás de oportunidades”, destaca.

O último impacto, para os especialistas, é a ausência de mão de obra qualificada, o que acaba perpetuando essa dificuldade de dinamizar a economia e gerar empregos, conforme diz Juliano: “A mão de obra foge e, com isso, nenhum projeto é atraído. Isso cria um ciclo vicioso grave de baixo desenvolvimento”.

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