Publicado em 1 de outubro de 2020 às 16:56
A arrecadação federal de impostos registrou alta real de 1,33% em agosto na comparação com o mesmo mês de 2019. Esse é o primeiro resultado positivo após seis meses de retração, influenciado pelo início do pagamento de tributos adiados nos últimos meses.>
De acordo com os dados da Receita Federal, os pagamentos dos tributos adiados impulsionaram o valor arrecadado a R$ 124,5 bilhões, o maior resultado para o mês de agosto em seis anos.>
No mês, foram pagos R$ 17,2 bilhões em cobranças adiadas anteriormente. No total, os diferimentos somam R$ 64,5 bilhões desde o começo da pandemia até agosto.>
Somente com Cofins e PIS/Pasep, houve uma arrecadação conjunta de R$ 31,8 bilhões no mês, um acréscimo real de 16,28%. De acordo com o Fisco, foram pagas em agosto contribuições com vencimento original em abril.>
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A receita previdenciária também teve impulso, com arrecadação de R$ 40 bilhões no mês (acréscimo real de 13,74%). Esse resultado é explicado, de acordo com os técnicos, pelo pagamento em agosto da contribuição previdenciária patronal relativa ao mês de abril e dos parcelamentos especiais relativos ao mês de maio.>
Os dados apontam para um cenário de arrecadação ainda desafiador para a União, já que, sem os pagamentos dos tributos adiados, haveria uma queda aproximada de 13% na arrecadação do mês em comparação com um ano antes.>
Claudemir Malaquias, chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, afirmou que os dados são influenciados pela desaceleração da economia. "Ainda estamos sob efeito da desaceleração, pois a atividade não voltou em sua plenitude", afirmou.>
Outro fator de influência nos números é a estratégia tributária das empresas. Os números mostram que a Receita esperava recolher R$ 23,2 bilhões em impostos diferidos (uma diferença de 25% em relação ao registrado). Isso ocorreu porque empresas preferiram quitar os débitos usando créditos tributários a que tinham direito.>
A compensação usada por esses contribuintes não gera arrecadação. Mesmo assim, a Receita considera o movimento como uma recuperação de valores, já que o contribuinte teria direito a usar o crédito em algum momento.>
A Receita afirma que há recuperação na atividade e nos recolhimentos. "É possível verificar nos indicadores que estamos em trajetória ascendente da arrecadação", disse Malaquias.>
Segundo ele, as medidas de diferimento ajudaram empresas durante a pandemia e no cenário pós-Covid. "Todos temos expectativa que os efeitos da pandemia foram mitigados pelas medidas adotadas, se mostraram eficazes e estão permitindo que as empresas retomem atividades a partir de outro patamar", afirmou.>
Dentre as medidas adotadas pelo governo, está o corte de IOF sobre operações de crédito. Segundo Malaquias, essa iniciativa pode ser prorrogada, inclusive em 2021.>
"Está em discussão a manutenção da alíquota zero do IOF para operações de crédito até o fim do ano. Se estiverem presentes essas mesmas condições em 2021, isso pode ser discutido novamente", afirmou.>
A Receita não tem um levantamento específico de como a principal medida adotada durante a pandemia, o auxílio emergencial, impacta os números da arrecadação.>
O Ministério, no entanto, citou durante a apresentação dados que apontam para uma recuperação dos rendimentos dos trabalhadores mês a mês. "As pessoas ligadas ao setor informal vêm recuperando a sua renda e isso não está ligado necessariamente ao auxílio emergencial. Mostra uma retomada da atividade", afirmou Erik Figueiredo, da Secretaria de Política Econômica.>
Na série da Receita, os dados da arrecadação interrompem uma sequência de quedas significativas no ano. Até julho, os recolhimentos federais apresentaram expansão em apenas um mês: janeiro (4,69%). Em fevereiro e março, houve queda de 2,71% e 3,32% (respectivamente).>
Em abril, com os efeitos da pandemia, começaram as quedas de dois dígitos. Naquele mês, houve retração de 28,95% contra um ano antes e, em maio, de 32,92%.>
Junho voltou a registrar um forte recuo, de 29,59%. Mas, em julho, os efeitos começaram a arrefecer e a retração foi de 17,68%.>
Apesar da leve recuperação de valores em agosto, o acumulado do ano continua mostrando queda de dois dígitos. A arrecadação foi de R$ 906 bilhões até agosto, o que representa uma retração real de 13,23% na comparação com igual período de 2019.>
Além disso, a arrecadação acumulada de janeiro a agosto é a pior nos últimos dez anos para o período (já considerando valores atualizados pela inflação).>
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