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Análise: Saída do Moro traz incertezas para o mercado financeiro

Análise: Saída do Moro traz incertezas para o mercado financeiro

Para Fernando Galdi, o mercado financeiro está ficando com o "pé atrás" com o governo federal após as últimas atitudes do presidente Bolsonaro. Ex-ministro era visto como um dos pilares do governo

Publicado em 24 de abril de 2020 às 12:02

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O ministro da Justiça, Sergio Moro, e o presidente Jair Bolsonaro
O ministro da Justiça, Sergio Moro, e o presidente Jair Bolsonaro. (Marcos Correa/PR)

O especialista em mercado financeiro e professor da Fucape Fernando Galdi faz uma análise dos impactos da crise no governo federal – com a saída do ministro Sergio Moro da equipe do governo – no mercado financeiro. Nesta sexta-feira (24) a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, opera em queda e o dólar está sendo negociado em alta. Segundo ele, Moro era um dos pilares do governo. Sem ele, sobram incertezas sobre a condução da segurança pública e no enfrentamento à corrupção. Essa ruptura traz insegurança ao mercado de capitais.

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Moro era um dos alicerces do governo Bolsonaro

A leitura que tenho é que o mercado está com o pé atrás em relação ao governo Bolsonaro por ver que ele dá sinais de que proteger os filhos contra as investigações está na frente de qualquer outro critério que direcionava o governo.  

Você começa a ter uma demonstração de poder do presidente com a saída do Mandetta (ex-ministro da Saúde), e agora com o conflito com o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro. Já se especula até uma eventual saída do ministro da Economia, Paulo Guedes. 

O problema é que muitas incertezas têm sido criadas. Esse cenário já seria ruim em qualquer momento, mas se torna ainda pior num período de pandemia (do coronavírus).  

Um dos motes da campanha do  Bolsonaro era combater a corrupção e o ministro Sérgio Moro era símbolo desse combate. Sem ele, sobram incertezas sobre a segurança.  Além disso, as ações do presidente mostram ruptura com essa proposta de trabalhar contra a corrupção. 

É possível ver ainda que o governo, que defendia baixa intervenção na economia, tem mudado essa visão. O plano Pró-Brasil vai em direção oposta e o presidente começa a cogitar o aumento da participação do Estado na economia e o aumento de gastos. Mas o país não tem dinheiro.  Não adianta emitir dívidas se não tem gente querendo comprar. 

As oscilações demonstram que os investidores estão com medo do que pode acontecer no mercado brasileiro. Se, de fato, o Guedes sair, as coisas tendem a ficar bem pior. Guedes e Moro são os alicerces do governo. Caso os dois principais ministros saiam em situação de crise, haverá uma instabilidade enorme no Brasil em meio a uma pandemia.  

Fernando Galdi, especialista em Mercado Financeiro

A Gazeta

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