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400 mil hectares de solo podem ficar improdutivos no Estado

400 mil hectares de solo podem ficar improdutivos no Estado

Cerca de 60% das áreas degradadas no Estado estão concentradas em terrenos de pecuária

Publicado em 14 de fevereiro de 2018 às 20:49

Para ter alimento na mesa é preciso plantar, mas não em qualquer lugar. Em quase 400 hectares de solo do Espírito Santo a lavoura ou o pasto verde está dando lugar a uma cena repleta de buracos e com pouca vida por causa da degradação da terra. Como consequência, o terreno pode se tornar, em breve, improdutivo.

Solo degradado em pastagem na Região Norte do Estado: agropecuária é a que mais agride a terra Crédito: Valmir Zuffo

Especialistas alertam que o número só não está maior devido ao período de estiagem que o Estado passou nos últimos anos. Segundo o coordenador técnico da Cedagro (Centro de Desenvolvimento do Agronegócio), Gilmar Dadalto, a seca de três anos - entre 2014 e 2017 -, fez com que a degradação e a erosão do solo não aumentassem.

O tamanho do terreno utilizado também caiu, o que contribui para que a quantidade de terras com problemas não seja ainda maior. “Em 1992, tinhamos uma área utilizada em torno de 600 mil hectares, o que representa 13% da área do Estado. Já no ano de 2012, houve uma queda e chegou a 393 mil hectares (8,5% da área do território capixaba)”, comentou Dadalto. Mas isso não quer dizer que os dados não sejam preocupantes.

Além disso, nos últimos 35 anos, também houve uma redução da área degradada devido ao uso de tecnologias de conservação do solo. O último estudo feito sobre o tema foi realizado em 2012, mas, de lá para cá, segundo Dadalto, “não houve alteração significativa na área danificada”. O próximo estudo será realizado apenas em 2032.

Em 2012, aproximadamente 238,9 mil hectares de área degradada era de pastagem e mais de 118,7 mil hectares que eram degradados estavam na lavoura de café. Já outras culturas somavam 36,6 mil hectares.

Já segundo o engenheiro agrônomo Valmir Zuffo, o maior problema está na pecuária. “Cerca de 60% das áreas de pastagens estão em condição de degradação”, afirma. No caso da agricultura, o processo é menos drástico do que o que ocorre nas pastagens e pode chegar a 20%.

Ele explicou que uma das principais causas da degradação do solo é a falta de cobertura vegetal. “Você anda em uma lavoura de café ou pimenta-do-reino, por exemplo, e enxerga grandes porções de solo exposto, sem proteção. Essa terra vai queimar. O sol, o vento e a chuva agridem esse solo descoberto”, explica.

FERTILIDADE

É fundamental que o solo seja de boa qualidade, rico em nutrientes para que a planta cresça e a produção seja rentável ao produtor. De acordo com o engenheiro agrônomo Valmir Zuffo, em regiões tropicais, a matéria orgânica representa de 60% a 70% do potencial de produção do solo. Quanto menor a presença desse material no solo, menor será o seu potencial de produção.

“O solo é composto basicamente por três componentes: parte mineral (partículas), microorganismos e a parte de matéria orgânica. A matéria orgânica está em decomposição e é isso que mantém o solo produzindo”, explica.

ENTENDA O PROCESSO DE INFERTILIDADE DO SOLO

Pastagens para a pecuária

Gado: A pecuária é a principal responsável pela degradação do solo. O gado pisoteia a terra, compactando-a. Além disso, para plantar o capim é preciso retirar as plantas que haviam

no local.

Consequência: Com o solo pouco ou quase nada coberto, o efeito das chuvas e do sol incidem diretamente sobre a terra. Com o passar do tempo isso causará a diminuição da fertilidade do solo e o capim crescerá cada vez menos.

Uso do solo na agricultura

Esgotamento do solo: Vem do uso de práticas agrícolas e do solo de forma incorreta, sem o tratamento adequado e para apenas um tipo de cultura (monocultura).

Tipos de manejo: A monocultura é um dos principais responsáveis pelas práticas incorretas. No caso do café, cultivar a planta com o solo descoberto faz com que a terra fique diretamente exposta ao sol e à chuva.

Efeito em cadeia: O solo vai perdendo qualidade e, para compensar, é preciso colocar mais adubo. Com isso, a matéria orgânica vai se esgotando, a estrutura do solo ficando compactada e ocorre a perda de microorganismos. Isso faz a plantação ficar mais suscetível às doenças, fazendo com que o produtor coloque mais agrotóxico e mais insumo, até ficar economicamente insustentável.

Consequência: O uso excessivo do solo pode gerar sua infertilidade ou inviabilidade para a produção. Nesse estágio, é preciso anos para que, quando possível, o solo se recupere.

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