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31 cidades do Espírito Santo têm mais bois do que pessoas

31 cidades do Espírito Santo têm mais bois do que pessoas

Em Mucurici, Extremo Norte do ES, há 12 cabeças de gado para cada habitante

Publicado em 27 de maio de 2019 às 00:25

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Ao todo são 66.908 bovinos espalhadas pelos 535 quilômetros quadrados de extensão da cidade. (Reprodução/Pixabay)

Em 31 das 78 cidades capixabas, o número de bois e vacas ultrapassa o de habitantes. Em Mucurici, município no Extremo Norte do Estado com uma população de 5.552 pessoas, há 12 cabeças de gado para cada morador.

O município, que fica na divisa com Minas Gerais, tem a maior concentração de gado por habitante no Espírito Santo. Ao todo são 66.908 bovinos espalhadas pelos 535 quilômetros quadrados de extensão da cidade.

As informações fazem parte de um cruzamento realizado pelo G.Dados, grupo de jornalismo de dados da Rede Gazeta, com base na Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) de 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As informações foram comparadas com as estimativas populacionais estadual e municipais.

Apesar de ter o maior índice de cabeças de gado por habitante, Mucurici é apenas a sétima cidade em número de bovinos. Em primeiro lugar está um município vizinho: Ecoporanga com uma total de 195.468 bois e vacas.

A cidade tem o segundo maior índice de bois por habitante. Para cada uma das 23.014 pessoas que vivem em Ecoporanga, há 8,49 bois.

A terceira cidade com mais gado que habitantes é Ponto belo, vizinha de limite de Ecoporanga e Mucurici. São 5,21 cabeças de gado para cada morador do local.

De acordo com o presidente da federação da Agricultura do Espírito Santo (Faes), Júlio Rocha, a maior concentração de gado está principalmente ao Norte do Estado. “Essa região é mais plana e tem propriedades rurais maiores. Lá encontramos principalmente o gado de corte”, comenta Rocha.

Ele ainda explica que a pecuária de corte exige um espaço maior porque o criador precisa ter locais separados para realizar a procriação, desmame e engorda dos animais, por exemplo. Necessita ainda de uma estrutura para escolher as matrizes para inseminação com o intuito de garantir uma carne de qualidade.

Já na Região Sul do Espírito Santo, que tem propriedades menores e um clima mais temperado, se destaca o gado leiteiro. "Ele é criado principalmente no âmbito familiar e de cooperativa, como ocorre na Região das Montanhas capixabas", lembra o presidente da Faes.

CARACTERÍSTICAS

 

Segundo Nabih Amin El Aouar, presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), cerca de 80% do gado do Estado é da raça Nelore, originária da Índia. “Esse animal é mais acostumado ao clima tropical, além de ser de grande porte e bom para criação de corte. Ele também é um animal menos exigente, come em menor quantidade e é menos suscetível às doenças”, comenta.

Ainda de acordo com Aouar, o Estado tem 1,3 milhão de hectares de pastagens, uma área pequena comparada aos maiores produtores desse tipo de gado no país. Porém, a qualidade da criação faz com que os pecuaristas de outros locais venham ao Espírito Santo em busca de material genético (sêmen).

Em média, para que o gado chegue ao ponto de abate, o bovino criado em pastagem leva entre 24 a 36 meses. Se for em semiconfinamento leva cerca de 20 meses. Já em confinamento total, entre 14 e 18 meses.

Isso porque segundo Aouar, o animal se desenvolve de acordo com o manejo e nutrição oferecida à ele. “No caso do Estado não é fácil confinar, já que o Espírito Santo está longe dos centros produtores de grãos, que ficam no Centro-oeste. Com isso, o preço do transporte acaba encarecendo os custos e inviabilizando para o produtor. Devemos ter no máximo 30 mil animais confinados no Estado”, explica.

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Com informações de Vinícius Valfré

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