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153 mil famílias capixabas usam fogão à lenha para cozinhar

153 mil famílias capixabas usam fogão à lenha para cozinhar

Crise e preço do gás fizeram número aumentar 12% em 2018

Publicado em 23 de maio de 2019 às 02:45

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Uso do fogão a lenha ainda é uma realidade do dia a dia de famílias de baixa renda do Espírito Santo. (Edson Chagas)

O número de famílias capixabas usando fogão a lenha ou a carvão cresceu no último ano. Já são mais de 153 mil residências que têm como principal fonte para o preparo de alimentos esse tipo de combustível sólido. Segundo especialistas, a renda das famílias vem diminuindo e a evolução salarial do trabalhador não está acompanhando o preço do gás de cozinha e de outras despesas domiciliares, que dispararam nos últimos anos.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C), do IBGE, divulgada ontem, o número de moradias que usam esse tipo de fogão no Espírito Santo cresceu 11,22% no ano passado. Em 2017, 135.885 famílias tinham fogão a lenha ou a carvão. Em 2018, disparou para 153.066.

Já em todo o país, um quinto das famílias utilizam lenha ou carvão para cozinhar. Em 2018, 14,06 milhões de residências preparavam os alimentos desta maneira, já em 2017 eram 12,22 milhões. Em um ano, o número cresceu 13,07%.

153 mil famílias no ES usam fogão a lenha

O orçamento das famílias está ficando apertado devido ao aumento das despesas. No Estado, por exemplo, o gás de cozinha acumula um aumento de 18,24% desde janeiro de 2017. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), naquele início de ano, o botijão de 13 kg era comercializado, em média, a R$ 52,94. Em janeiro deste ano, o preço médio passou para R$ 64,75.

Outro problema que atingiu em cheio a renda doméstica foi o fator desemprego. O índice de desocupados no Estado, de 2016 para 2019, saltou de 11,1% para 12,1%, segundo a Pnad-C do primeiro trimestre deste ano.

RENDA

Agravando a situação estão os ganhos do trabalhador, que cresceram em menor proporção do que suas despesas básicas. De 2016 a 2019, o salário mínimo aumentou em 11,82%, percentual menor do que o da inflação média acumulada neste período, 14,29% segundo o Banco Central.

“A crise que estamos vivendo há cinco anos faz com que alguns parâmetros de crescimentos que o Brasil tinha conquistado comecem a perder a sua dinâmica. Aos poucos, voltaremos a índices de desenvolvimento e padrão de consumo da década passada”, comenta o coordenador da Faculdade Pio XII, Marcelo Loyola Fraga.

O economista ainda aponta que o quadro se agrava para as classes C, D e E. “O desemprego dificulta o acesso aos bens de primeira necessidade como o gás de cozinha. Até mesmo a queda na renda faz com que algumas pessoas se mudem para bairros mais carentes, muitas vezes em busca de menor custo de vida. Nesses locais, o uso do fogão a lenha ainda é uma realidade do dia a dia dessas famílias”, explica.

Em 2001, o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) criou o Vale Gás, que era um programa de distribuição de renda para auxiliar a população mais pobre a comprar o botijão. Em 2008, este benefício foi encerrado e incorporado ao Bolsa-Família.

Em abril deste ano, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o preço do gás de cozinha vai cair pela metade em até dois anos. A medida faz parte do plano do governo de fazer um “choque de energia barata”, como afirmou.

MORADIAS

Ainda de acordo com os dados da pesquisa, o número de pessoas que moram de aluguel no Estado passou de 237 mil para 248,23 mil, de 2017 para 2018. O número representa um aumento de 4,51% entre os anos.

A analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, explica que em todo o país mais famílias passaram a viver em apartamentos, crescimento de 7,1% em 2018, em relação a 2017.

No entanto, segundo ela, esse crescimento não representa necessariamente um boom de novas construções. “No ano passado, tivemos uma retomada do setor imobiliário, que possuía muitos imóveis já prontos, mas ainda fechados ou desocupados”, diz.

 

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