Formado em Economia pela Fucape e mestre em Contabilidade com foco em finanças e mercado de capitais pela mesma instituição; assessor de investimentos e sócio da Valor

Entenda o impacto da queda dos juros nos seus investimentos

Em comunicado ao mercado, o Banco Central informou a decisão de cortar a taxa básica em 0,5 ponto percentual, levando-a para 13,25%a.a

Vitória
Publicado em 03/08/2023 às 08h11
Selic, taxa básica de juros brasileira, entra em trajetória de queda
Selic, taxa básica de juros brasileira, entra em trajetória de queda. Crédito: Freepik

A queda na Selic anunciada pelo Comité de Política Monetária (Copom) na noite da última quarta-feira (2) marca o início de um ciclo de cortes na taxa de juros que deve se estender de forma gradual nas próximas reuniões do comité até o primeiro semestre de 2024, período no qual o mercado já estima uma taxa terminal próxima a 10%a.a. Em comunicado ao mercado, o Banco Central informou a decisão de cortar a taxa básica em 0,5 ponto percentual, levando-a para 13,25%a.a.

O impacto mais direto da queda da taxa de juros para o investidor é nas aplicações de renda fixa pós-fixadas, ou seja, naquelas que remuneram o capital investido por um percentual do CDI. Exemplos de aplicações desse tipo são os tradicionais investimentos bancários como os CDBs, LCAs e LCIs, mas também sofrerão impacto direto os fundos DI, CRIs, CRAs ou debêntures que tenham como regra um retorno atrelado ao CDI.

Todos esses investimentos passarão a ter uma rentabilidade menor como reflexo da queda da taxa Selic. Em um primeiro momento, o impacto será pequeno, já que a queda da taxa Selic foi de apenas 0,5%a.a. Entretanto, como a tendência é que a taxa continue a cair nas próximas reuniões, o investidor perceberá ao longo do tempo uma mudança relevante na rentabilidade de suas aplicações pós-fixadas.

Por outro lado, existem diversos tipos de operações financeiras que podem se beneficiar da queda na taxa de juros, ainda que essa relação não seja mecânica como nos ativos pós-fixados. De uma maneira geral, quando a taxa Selic cai, todos os ativos reais da economia (empresas, imóveis, terrenos, fazendas etc.) tendem a valorizar. Isso ocorre por dois efeitos principais que destaco a seguir:

  • Efeito referência: como a taxa Selic é o custo primário do dinheiro na economia brasileira, ela é usada como referência de rentabilidade para qualquer projeto de investimento. Dessa forma, quando a Selic está alta as pessoas exigirão uma taxa de retorno maior para realizar um investimento, o que faz com que os preços correntes dos ativos caiam. De forma oposta, quando a Selic está baixa a rentabilidade exigida para algum projeto pode ser inferior, o que faz os preços subirem;
  • Efeito liquidez: uma Selic mais baixa tende a baratear o custo do crédito, o que aumenta a liquidez na economia. Com mais recursos à disposição, há uma maior demanda por investimentos (físicos ou financeiros), o que cria uma pressão de alta nos preços.

Aplicando essa lógica aos ativos financeiros, as ações e os fundos imobiliários são exemplos de investimentos que tendem a valorizar com a queda da taxa Selic. Ressalto novamente que essa relação não é mecânica como no caso de ativos pós-fixados, porém, ao analisar o passado, é possível verificar que o início dos ciclos de queda nos juros foram bons momentos para se investir nesses ativos. Entretanto, é importante que o investidor que deseja aproveitar essas oportunidades seja proativo e busque se antecipar a uma queda mais substancial dos juros. Esperar os juros caírem primeiro para depois investir em ativos de risco costuma ser uma estratégia ruim.

De uma maneira geral, se as expectativas do mercado se confirmarem e o Brasil caminhar para um patamar menor de juros, o investidor que deseja manter um bom nível de rentabilidade precisará fazer ajustes no seu portfólio para se adequar à nova realidade. Esse ajuste muitas vezes passará por correr algum nível de risco em sua carteira, mas que deve sempre ser mitigado com uma análise robusta, diversificação e estar em acordo com o perfil e horizonte do investidor.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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