Formado em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo. Começou a carreira operando ações na antiga corretora do Banestes e há 5 anos é chefe da mesa de renda variável da Valor Investimentos. Sócio desde 2018 e um dos responsáveis pelo comitê de alocação de ativos. CFA® Program participant, CFA Institute.

O que o próximo governo vai fazer com a situação fiscal do Brasil?

O descompromisso fiscal é o que impede a vinda de um fluxo maior de investimentos para cá, limita nosso crescimento de longo prazo e nos mantém na eterna espiral inflacionária

Vitória
Publicado em 26/10/2022 às 12h59

O maior desafio do meu dia a dia acompanhando o mercado é saber identificar os acontecimentos que realmente serão responsáveis pelas mudanças das variáveis econômicas e preço dos ativos. A cada quatro anos me vejo refletindo sobre o real impacto das eleições nas empresas e na economia, sobretudo no curto prazo.

Vou tentar separar qualquer viés ideológico que por ventura eu carregue para chegar no cerne da discussão do pleito atual: o que faremos com nossa situação fiscal?

Já venho falando há algumas semanas que estamos mais uma vez na contramão do mundo, dessa vez indo para o lugar correto (estabilidade da moeda e crescimento econômico). E ao que tudo indica, nossa economia tem apenas um grande risco: o descontrole fiscal.

A agenda dos dois candidatos até aqui (pelo menos a que foi apresentada nos programas de governo) prevê um gasto acima do orçamento previsto (LDO) de R$ 100 bi no caso de Bolsonaro e de R$ 150 bi no caso de Lula. Sob essa ótica, o primeiro ano de governo, dos dois, tende a ser muito parecido e caminhamos para um endividamento adicional entre 0,5% a 1% do PIB.

Com essa dívida adicional, o Brasil deve alcançar o patamar de 80% do PIB em dívida bruta (ainda temos um patamar de reservas bem confortável). Essa mudança sensível do nível de endividamento é pouco relevante na análise, o que preocupa mesmo é a nossa trajetória.

Brasil
Brasil, economia, porquinho, finanças, crise econômica. Crédito: Pixabay

O descompromisso fiscal é o que impede a vinda de um fluxo maior de investimentos para cá, limita nosso crescimento de longo prazo e nos mantém na eterna espiral inflacionária. Romper com essa sina é abandonar o rótulo de país em desenvolvimento e vestir a camisa de país desenvolvido.

A grande pergunta que fica é: o que será feito a partir de 2023 e quem manterá o respeito ao teto de gastos, autonomia do Banco Central e regime de inflação?

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