Publicado em 28 de março de 2024 às 18:28
“Só quem passa é quem sabe. Eu estou no meu ambiente de trabalho. A minha única reação foi virar o rosto. Sou mãe de duas filhas pequenas e passar por essa situação, chegar em casa e contar para o meu esposo o que aconteceu, é muito constrangedor.” Esse é o relato de Maria, uma das operadoras da Eco 101, que já foi assediada enquanto operava um dos caixas da praça de pedágio na BR-101. Infelizmente, há quase 10 anos na função, esse não é um caso isolado. >
Foi a segunda vez que um motorista, de dentro do próprio veículo, exibiu as partes íntimas para ela. Com a ajuda de uma colega de trabalho, Maria buscou se acalmar para reportar a situação aos superiores, mas superar esse constrangimento é uma batalha diária.>
"Algumas pessoas perguntaram porque eu não xinguei ele de volta, mas eu estava no meu ambiente de trabalho. Eu não vou ofender a pessoa do outro lado. De qualquer forma, é assédio e toda mulher merece respeito", relata.>
Maria, entretanto, não é a única vítima de situações como essa. Casos de assédio sexual, verbal e injúria racial são comuns contra os operadores da Eco101 durante as funções diárias nas praças de pedágio ou nos atendimentos aos motoristas nas estradas.>
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A operadora Camila Schaidegger trabalha na via expressa e conta que, recentemente, enquanto organizava uma fila de automóveis no pedágio, um motorista foi muito agressivo com xingamentos e termos racistas.>
“Eu não consigo falar sem chorar, porque dói. Além do racismo, às vezes é assédio moral ou sexual e, infelizmente, abala muito. Todos os dias você acaba se perguntando 'será que eu vou viver isso até quando?'. Mas mostrar essa realidade é o caminho para a vitória. A guerra não está vencida, mas eu venci a batalha de conseguir falar sobre isso", relata.>
Por meio da campanha “Assédio, pare: trafegue pela via do respeito”, a Eco101 realiza ações de conscientização que buscam coibir casos de assédio sexual, moral, injúria racial e agressão contra operadores de praças de pedágio e na empresa como um todo. Criada pelo Grupo EcoRodovias, o objetivo é impactar tanto os assediadores quanto conceder o apoio necessário para a realização de denúncias. >
O diretor superintendente da Eco101, Roberto Amorim Junior, conta que a campanha nasceu a partir da recorrência de relatos de casos de assédio e do repúdio da empresa a situações como essa.>
“Todo e qualquer tipo de abuso é absolutamente inaceitável, pois fere não apenas a política da empresa, mas a ética das relações. Diante disso, o Grupo EcoRodovias decidiu realizar essa campanha e criar uma cultura de combate ao assédio e acolhimento dos colaboradores que forem vítimas”, pontua.>
Um dos pontos da campanha, que entra em seu segundo ano, busca estimular que as denúncias sejam formalizadas pelos canais corretos. Afinal, mesmo em ambiente público e movimentado, como uma rodovia, casos de assédio e violência acontecem.>
O operador de tráfego Givanildo Oliveira, por exemplo, foi agredido verbal e fisicamente por um grupo de usuários, visivelmente alcoolizados, enquanto aguardavam a liberação da via. "Eles vieram para cima da gente e eu até tentei me esquivar. Quando tentei correr para acessar a minha viatura, um deles acertou a minha cabeça com um capacete. Na hora, eu fiquei muito tonto e desmaiei", conta.>
Por sorte, tudo ficou bem e Givanildo logo recebeu todo o suporte e atendimento necessário para a recuperação. Mas o operador afirma que situações como essa o chateiam bastante porque tudo o que os colaboradores buscam fazer é prestar o melhor atendimento e exercer um serviço de qualidade.>
Empatia e respeito são palavras-chave para os funcionários e um pedido em comum entre os três operadores que relataram as experiências de assédio durante o expediente.>
“Eu peço humanidade e paciência. O lugar da mulher preta é onde ela quiser estar e, assim como o racismo, assédio sexual também é crime. Quem sofreu ou está sofrendo situações semelhantes, não se calem”, reforça Camila Schaidegger>
Além de impactar os usuários de rodovias, a Eco101 busca desenvolver uma forma de proteção estruturada e treinada em casos de assédio para seus colaboradores. Neste ano, a ação ganhou reforço de uma consultoria especializada na análise desse tipo de agressão. >
A empresa está desenvolvendo um protocolo de respostas e capacitando colaboradores e líderes para saberem como agir diante de situações de assédio praticadas por usuários. Em adição, a EcoRodovias reafirma sua política de combate ao assédio e disponibiliza o Canal de Ética para que sejam feitos relatos sobre o assunto, de forma anônima ou identificada.>
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