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Eco101
“Só quem passa é quem sabe. Eu estou no meu ambiente de trabalho. A minha única reação foi virar o rosto. Sou mãe de duas filhas pequenas e passar por essa situação, chegar em casa e contar para o meu esposo o que aconteceu, é muito constrangedor.” Esse é o relato de Maria, uma das operadoras da Eco 101, que já foi assediada enquanto operava um dos caixas da praça de pedágio na BR-101. Infelizmente, há quase 10 anos na função, esse não é um caso isolado.
Foi a segunda vez que um motorista, de dentro do próprio veículo, exibiu as partes íntimas para ela. Com a ajuda de uma colega de trabalho, Maria buscou se acalmar para reportar a situação aos superiores, mas superar esse constrangimento é uma batalha diária.
"Algumas pessoas perguntaram porque eu não xinguei ele de volta, mas eu estava no meu ambiente de trabalho. Eu não vou ofender a pessoa do outro lado. De qualquer forma, é assédio e toda mulher merece respeito", relata.
Maria, entretanto, não é a única vítima de situações como essa. Casos de assédio sexual, verbal e injúria racial são comuns contra os operadores da Eco101 durante as funções diárias nas praças de pedágio ou nos atendimentos aos motoristas nas estradas.
A operadora Camila Schaidegger trabalha na via expressa e conta que, recentemente, enquanto organizava uma fila de automóveis no pedágio, um motorista foi muito agressivo com xingamentos e termos racistas.
“Eu não consigo falar sem chorar, porque dói. Além do racismo, às vezes é assédio moral ou sexual e, infelizmente, abala muito. Todos os dias você acaba se perguntando 'será que eu vou viver isso até quando?'. Mas mostrar essa realidade é o caminho para a vitória. A guerra não está vencida, mas eu venci a batalha de conseguir falar sobre isso", relata.
Por meio da campanha “Assédio, pare: trafegue pela via do respeito”, a Eco101 realiza ações de conscientização que buscam coibir casos de assédio sexual, moral, injúria racial e agressão contra operadores de praças de pedágio e na empresa como um todo. Criada pelo Grupo EcoRodovias, o objetivo é impactar tanto os assediadores quanto conceder o apoio necessário para a realização de denúncias.
O diretor superintendente da Eco101, Roberto Amorim Junior, conta que a campanha nasceu a partir da recorrência de relatos de casos de assédio e do repúdio da empresa a situações como essa.
“Todo e qualquer tipo de abuso é absolutamente inaceitável, pois fere não apenas a política da empresa, mas a ética das relações. Diante disso, o Grupo EcoRodovias decidiu realizar essa campanha e criar uma cultura de combate ao assédio e acolhimento dos colaboradores que forem vítimas”, pontua.
Um dos pontos da campanha, que entra em seu segundo ano, busca estimular que as denúncias sejam formalizadas pelos canais corretos. Afinal, mesmo em ambiente público e movimentado, como uma rodovia, casos de assédio e violência acontecem.
O operador de tráfego Givanildo Oliveira, por exemplo, foi agredido verbal e fisicamente por um grupo de usuários, visivelmente alcoolizados, enquanto aguardavam a liberação da via. "Eles vieram para cima da gente e eu até tentei me esquivar. Quando tentei correr para acessar a minha viatura, um deles acertou a minha cabeça com um capacete. Na hora, eu fiquei muito tonto e desmaiei", conta.
Por sorte, tudo ficou bem e Givanildo logo recebeu todo o suporte e atendimento necessário para a recuperação. Mas o operador afirma que situações como essa o chateiam bastante porque tudo o que os colaboradores buscam fazer é prestar o melhor atendimento e exercer um serviço de qualidade.
Empatia e respeito são palavras-chave para os funcionários e um pedido em comum entre os três operadores que relataram as experiências de assédio durante o expediente.
“Eu peço humanidade e paciência. O lugar da mulher preta é onde ela quiser estar e, assim como o racismo, assédio sexual também é crime. Quem sofreu ou está sofrendo situações semelhantes, não se calem”, reforça Camila Schaidegger
Além de impactar os usuários de rodovias, a Eco101 busca desenvolver uma forma de proteção estruturada e treinada em casos de assédio para seus colaboradores. Neste ano, a ação ganhou reforço de uma consultoria especializada na análise desse tipo de agressão.
A empresa está desenvolvendo um protocolo de respostas e capacitando colaboradores e líderes para saberem como agir diante de situações de assédio praticadas por usuários. Em adição, a EcoRodovias reafirma sua política de combate ao assédio e disponibiliza o Canal de Ética para que sejam feitos relatos sobre o assunto, de forma anônima ou identificada.
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