Mário Cavalcante de Araújo Oliveira, Moisés Souza Ribeiro de Medeiros, André Augusto Dantas Cosme, Luiza Iris Dornellas da Silva Carneiro
Mário Cavalcante de Araújo Oliveira, Moisés Souza Ribeiro de Medeiros, André Augusto Dantas Cosme, Luiza Iris Dornellas da Silva Carneiro. Crédito: Ricardo Medeiros

Novos soldados e oficiais escolhem o ES para seguir carreira na PM

O curso de formação de soldados conta com 991 alunos, sendo 165 deles de fora do Espírito Santo. Já a turma do curso de formação de oficiais tem 52 estudantes, dos quais cinco de outras localidades

Tempo de leitura: 5min
Vitória
Publicado em 03/09/2025 às 11h01

Moisés veio de Pernambuco e trabalhava como barbeiro em uma cidade do interior. Do mesmo Estado, Mário veio para o Espírito Santo em busca de uma vida melhor. André e Luíza são do Estado do Rio de Janeiro. Ele já foi Fuzileiro Naval e ela decidiu seguir os mesmos passos de familiares que já estavam em terras capixabas.

Em meio a sonhos e expectativas, eles escolheram o Estado para seguir carreira na Polícia Militar. Os quatro fizeram os concursos para soldado e oficial e hoje estudam para completar o quadro efetivo da corporação. 

Aos 22 anos, Moisés Souza Ribeiro de Medeiros, aluno soldado MMedeiros, veio de Trindade, uma cidade do interior de Pernambuco e que tem um pouco mais de 35 mil habitantes. Ele trabalhava como barbeiro e soube do concurso para PM do Espírito Santo por um amigo, durante um corte de cabelo.

“Eu estudava para concurso na época e esse meu amigo disse que viria comigo, o que não aconteceu. Passei três dias dentro do ônibus, mas fui parar no Rio de Janeiro porque haviam me falado que era perto. Não conhecia o Espírito Santo e me abismei bastante que era mais longe do que imaginava do estado carioca. Até porque moro a 100 km de distância do Ceará, por exemplo”, relata.

A família de MMedeiro vive na roça e ele trabalhava em uma barbearia no centro da cidade, a mais ou menos 6km da casa onde morava.

“Não dava para ir para casa todo dia e, como nordestino fala alto e eu tenho duas irmãs pequenas, eu preferia dormir no trabalho para conseguir estudar. Trabalhava durante o dia e estudava à noite. E essa foi a minha preparação para as provas por três meses. Graças a Deus deu certo”, comenta.

Moisés Souza Ribeiro de Medeiros, aluno soldado MMedeiros, aluno soldado MMedeiros
Moisés Souza Ribeiro de Medeiros, aluno soldado MMedeiros, aluno soldado MMedeiros. Crédito: Ricardo Medeiros

Para o aluno soldado, é necessário enfrentar os desafios para obter sucesso na carreira. Afinal, são quase 1.700 km de distância entre Pernambuco e o Espírito Santo, sem contar a saudade de amigos e parentes.

Moisés Souza Ribeiro de Medeiros

Aluno soldado

"Vejo que todo esse meu esforço valeu a pena. Meu pai vendia quebra-queixo na esquina do mercado e eu o ajudava quando saía da escola. Lembro certa vez que disse a ele que ele e a minha mãe teriam muito orgulho de mim e que um dia iria usar uma farda da polícia. Sempre quis ser policial militar e estou realizando esse sonho"

MMedeiros relata que a rotina de aluno soldado é bastante corrida, pois são muitas matérias para estudar e ainda falta apoio familiar para as rotinas de casa. Para ele, o treinamento vai contribuir para que ele se torne um cidadão e um filho melhor.

“Fui muito bem recebido no Estado e pelos meus amigos de farda. Espero sempre dar o meu melhor. Em novembro, quando me formar, quero realmente fazer a diferença para a sociedade capixaba”, finaliza.

Concurso para ter chance de melhorar de vida

Mário Cavalcante de Araújo Oliveira, é o aluno oficial Cavalcante
Mário Cavalcante de Araújo Oliveira, é o aluno oficial Cavalcante. Crédito: Ricardo Medeiros

Também de Pernambuco, Mário Cavalcante de Araújo Oliveira, é o aluno oficial Cavalcante, de 23 anos. Nascido em Recife, ele veio para o Estado em busca de uma oportunidade para melhorar de vida. A decisão veio após descobrir que o Espírito Santo é muito organizado e conta com uma estrutura muito acolhedora.

“A formação de oficiais é bastante rígida, o que nos prepara para o que vamos encontrar na rua. É isso que a sociedade capixaba espera dos futuros oficiais”, relata.

O aluno oficial Cavalcante imagina ter oportunidade de crescer na carreira militar, sempre com o objetivo de carregar com orgulho o símbolo da corporação e o nome no peito. Além disso, ele quer contribuir para que a população se mantenha cada vez mais segura.

A carreira do jovem começou no exército e ele sempre teve uma grande paixão pelo militarismo. Um amigo avisou que teria o concurso e foi aí que o aluno oficial viu uma grande oportunidade.

Mário Cavalcante de Araújo Oliveira

Aluno oficial 

"Pesquisei e verifiquei que o Estado propicia a qualquer pessoa a oportunidade de crescimento. Vim de ônibus, quase sem dinheiro e estourei o cartão de crédito para apostar num único tiro. E graças a Deus deu certo. Foi um dia e meio de viagem. Poderia fazer isso mais de mil vezes para ter o que tenho hoje aqui"

Ele estudou mais ou menos um ano em casa sozinho. Na época, o aluno oficial fazia faculdade e trabalhava, mas as noites eram dedicadas aos estudos.

Carreira como sonho de infância

 Luiza Iris Dornellas da Silva Carneiro, a aluno soldado Dornellas
Luiza Iris Dornellas da Silva Carneiro, a aluno soldado Dornellas. Crédito: Ricardo Medeiros

Natural de Bom Jesus do Itabapoana, no Rio de Janeiro, Luiza Iris Dornellas da Silva Carneiro, a aluno soldado Dornellas, de 32 anos, veio para o Espírito Santo para seguir a carreira que sonhava desde criança. O noivo e parentes dela já fazem parte da corporação.

Luiza Iris Dornellas da Silva Carneiro

Aluno soldado 

"O Espírito Santo é um estado vizinho ao meu e uma referência em segurança pública. Meu pai também sempre sonhou em me ver como policial militar. A atuação dos policiais na rua faz com que a gente admire cada vez mais a profissão que escolhi"

Para a futura policial, ela está sendo preparada para poder servir e proteger o Estado e apopulação da melhor forma possível. “Estou mega feliz por ter feito esta escolha. Os instrutores nos capacitam para que a gente possa atuar na rua, com legalidade e respeito”, complementa.

Da Marinha para a PM

André Augusto Dantas Cosme, o aluno soldado Dantas
André Augusto Dantas Cosme, o aluno soldado Dantas. Crédito: Ricardo Medeiros

Antes de passar no concurso para soldado da Polícia Militar do Espírito Santo, André Augusto Dantas Cosme, o aluno soldado Dantas, de 23 anos, fazia parte dos quadros de Fuzileiros Navais. A aptidão à carreira militar fez com que ele saísse de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, para seguir carreira na corporação capixaba.

“Entrei na Marinha com 21 anos. Vim para academia para dar o meu melhor nas instruções e, posteriormente, para a efetuar o trabalho de policial militar. Está sendo de grande valia, principalmente para o meu desenvolvimento pessoal”, analisa.

A mudança para o Espírito Santo não foi assim tão inesperada. Isso porque ele já conhecia o Estado. O irmão dele foi aluno da Escola de Aprendizes-Marinheiros do Estado (Eames), que fica na Prainha, em Vila Velha, em 2017.

André Augusto Dantas Cosme

Aluno soldado 

"Eu estou muito feliz com a minha escolha, pois através dessa atividade vou poder de fato ajudar as pessoas quando elas mais precisarem em momentos de perigo na rua. Após a formatura, espero conseguir entregar o meu melhor"

Sobre a formação

Academia da Polícia Militar
Alunos soldados na Academia da Polícia Militar. Crédito: Ricardo Medeiros

O concurso para soldados da Polícia Militar foi realizado em 2022, com a oferta de 1.000 vagas. A turma no qual os alunos soldados MMedeiros, Dornellas e Dantas fazem parte é a segunda leva de aprovados convocados para formação.

Ao todo, fazem parte da turma 991 alunos soldados, sendo 165 deles de fora do Estado. Deste total, 100 vieram do Rio de Janeiro, 27 da Bahia e 23 de Minas Gerais. Também há aprovados de Pernambuco (4), Distrito Federal (4), Sergipe (2), Amapá (1), Alagoas (1), Rio Grande do Norte (1), São Paulo (1) e Rio Grande do Sul (1).

Desde o final de agosto, eles deram um passo importante para a formação, com o início do estágio supervisionado.  Durante essa etapa, os quase mil alunos terão os seus desempenhos avaliados e, ao final do período, saberão se estão aptos a receber o diploma.

O estágio supervisionado vai até novembro.  Há ainda a previsão de convocar uma terceira turma de aprovados, assim que os atuais alunos se formarem. 

Já o certame para o Curso de Formação de Oficiais foi lançado em 2024. A turma em andamento tem 52 alunos oficiais, sendo cinco deles de outros Estados. São dois do Rio de Janeiro, um de Pernambuco, um do Mato Grosso do Sul e um de Minas Gerais.

A formação de um oficial dura três anos. Após este período, o aspirante a oficial é graduado em bacharelado em Ciências Policiais e Segurança Pública. Ao ingressar, os alunos oficiais ficam em regime de internato, ao menos 30 dias. 

Em breve, a Polícia Militar vai abrir um novo concurso com 1.000 vagas para soldados combatentes. Para participar, é necessário ter o nível médio e idade entre 18 e 28 anos. O certame foi autorizado pelo governador Renato Casagrande (PSB) durante a cerimônia de início do estágio supervisionado. 

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