A crise da arbitragem brasileira pode se tornar uma crise institucional grave se a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não tomar uma decisão radical sobre a gestão do seu quadro de profissionais.
Há tempos que nossa arbitragem é tratada com amadorismo total, focada somente em escalas e afastamento de árbitros sem absolutamente nada além de lives repetitivas e treinamentos ineficientes.
Temos que substituir a desgastada palavra “projeto” pela expressão “entrega em alta performance”, que significa uma verdadeira revolução na forma de fazer gestão na arbitragem. Caso contrário, a CBF abrirá um perigoso precedente sobre questionamentos às decisões da arbitragem dentro de campo e terá que lidar com pressões ainda maiores do que as que já existem.
Tudo isso que envolve a arbitragem brasileira hoje é fruto da falta de gestão das entidades que não entenderam que o problema não está nas regras do futebol e nem na tecnologia, mas nos critérios e interpretações que são desconexos. Os dirigentes das entidades que comandam o futebol, extremamente amadores nesse aspecto, ainda não perceberam que as regras e a tecnologia são elementos operacionais e que reside na formação heterogênea o grande problema a ser combatido.
Não há como falar em alta performance onde os elementos de um sistema não estão alinhados desde a formação. Quando os árbitros vão para o campo e a bola rola vira uma salada de frutas de critérios e interpretações que não vão agradar a ninguém, inclusive os jogadores, que também não têm acesso à orientação profissional sobre regras, protocolo do VAR, perfil do árbitro e comunicação não-violenta.
Os clubes também precisam investir urgentemente em um departamento de assessoria em assuntos de arbitragem para que o comportamento de jogadores, treinadores e dirigentes contribua para um ambiente mais profissional. Desta forma, ou se faz gestão de verdade e param de brincar de apitar jogo ou vamos continuar a ver suspensões sendo anuladas, jogadores simulando faltas, treinadores reclamando de tudo, clubes enviando ofícios sem efeito, imprensa falando mais da arbitragem do que dos jogadores, presidentes de comissões sendo substituídos a cada ano e árbitros perdidos e sem autoridade em campo.
Profissionalização sem gestão em alta performance também não vai mudar nada, afinal, o amadorismo está nos procedimentos extremamente ineficientes que se arrastam por décadas e agora, como disse Gonzaguinha “o copo está cheio e já não dá mais para engolir.”
Este vídeo pode te interessar
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.
