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O corpo gordo e os novos posicionamentos na mídia

As piadas e as abordagens invasivas não feriam menos do que hoje, não incomodavam e não geravam menos problemas de autoestima. As vítimas que não se calam mais.

Publicado em 22/07/2020 às 09h00
Atualizado em 22/07/2020 às 09h00
Felipe Neto
Felipe Neto declarou que não irá mais realizar piadas gordofóbicas ou de qualquer cunho discriminatório ao corpo alheio. Crédito: Play9/Divulgação

Falar do corpo gordo na mídia, como na televisão e internet, tem gerado interesse e curiosidade já que ao longo da história o corpo gordo sempre foi utilizado para fins humorísticos e de entretenimento. Nesta semana a internet retirou do baú uma reportagem da TV Globo realizada há 30 anos, que falava sobre pessoas “gordinhas” ou consideradas “relativamente feias” que estavam ocupando espaços de entretenimento e publicidade na TV.

O vídeo é bem curioso e atualmente até gera indignação pelas frases do repórter ao retratar a empresária entrevistada: “a baixinha, gordinha descobriu em sua própria feiura sua fonte de renda, uma agência que só contrata pessoas feias”. Sim esse vídeo é real, apresentado pelo repórter César Tralli na época, no qual voltou a gerar repercussão nas redes.

Antigamente o termo “gordofobia”, ou qualquer discurso em defesa da aceitação, respeito ao corpo gordo ou movimento “body positive” eram inexistentes. E aparentemente nem se sonhava que um dia todas essas políticas sociais iriam invadir os programas e abordagens televisivas como acontecem nos dias atuais.

Empatia

O que mudou? Porque a sociedade tem parado pra ouvir sobre isso? Porque os meios de comunicação possibilitam que essas pautas cheguem aos ouvidos da sociedade no intuito de gerar mudanças? A palavra empatia ganha espaço e falar dela em um século que foi considerado o “da ansiedade e da depressão”, não é só importante como necessário.

As piadas e as abordagens invasivas não feriam menos do que hoje, não incomodavam e também não geravam menos problemas de autoestima. As vítimas que não se calam mais.

Assim como assumir um quadro de depressão, admitir uma dor por qualquer ofensa, piada ou chacota também era alvo de questionamentos. Hoje não mais! E eu, com muito propriedade, atribuo esse novo olhar aos movimentos que diariamente vêm tomando as redes com o objetivo de conscientização e humanização dessa sociedade historicamente construída com discriminação e preconceito.

Posicionamento

O youtuber Felipe Neto, uma das maiores referências do universo digital, se posicionou em suas redes sociais declarando que não irá mais realizar piadas gordofóbicas ou de qualquer cunho discriminatório ao corpo alheio, pois entende que essa atitude é arcaica, atrasada e que não cabe mais nos dias de hoje. E que se arrepende por tantos anos já ter realizado diversos tipos de conteúdos em torno de piadas preconceituosas.

Evolução! Se o youtuber se posicionou de maneira genuína ou não, não nos cabe levantar essa polêmica, mas sim celebrar que finalmente algumas figuras importantes estão se abrindo ao diálogo sobre essas estruturas de comunicação que ao longo dos anos machucam.

As linguagens precisam de fato mudar, tudo e todos que ainda insistem em colocar os corpos e as raças em exclusão, ou em pautas de humor, não irão prevalecer. A representatividade grita, e essa voz não retroagirá.

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