Crítico de cinema e colunista de cultura de A Gazeta

"Pequenos Grandes Heróis", da Netflix, é perfeito para crianças

Filme dirigido por Robert Rodriguez traz de volta os personagens Sharkboy e Lavagirl em uma aventura divertida voltada para o público infantojuvenil

Vitória
Publicado em 30/12/2020 às 02h28
Atualizado em 30/12/2020 às 02h28
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Filme "Pequenos Grandes Heróis". Crédito: Ryan Green/NETFLIX

A carreira do cineasta Robert Rodriguez é das mais interessantes. Ele ganhou fama no México, com filmes de ação de baixo orçamento como “El Mariachi” (1992) e sua continuação, “A Balada do Pistoleiro” (1995). Quando foi para Hollywood, chegou com vampiros e criminosos em “Um Drink no Inferno” (1995), filme com roteiro de Quentin Tarantino, e o terror trash juvenil “Prova Final” (1998).

Entre 2001 e 2003, no entanto, Rodriguez se ocupou de um projeto pessoal, a franquia “Pequenos Espiões”. Voltados para crianças e pré-adolescentes, os três filmes não conquistaram a crítica, que os odiou, mas fizeram sucesso com a criançada e foram muito bem de bilheteria. Rodriguez mostrou saber contar histórias de crianças para crianças, sem subestimá-las.

Além da já citada franquia, o cineasta também lançou “As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl em 3D” (2005), que não foi bem de bilheteria nos EUA, mas fez sucesso mundo afora. Como a arrecadação cobriu apenas os custos de produção e promoção do filme, uma continuação nunca saiu do papel. Com o tempo, porém, as crianças que assistiram ao filme cresceram e deram à obra um status cult que justifica o lançamento de sua “continuação”. “Pequenos Grandes Heróis” chegou à Netflix na última semana com uma história que traz de volta os protagonistas do filme de 2005, mas quem brilha são os pequenos.

No mundo de “Pequenos Grandes Heróis”, uma equipe de poderosos, incluindo Sharkboy e Lavagirl, protege o mundo de ameaças. Mas quando todos eles são derrotados por alienígenas e sequestrados, só seus filhos poderão salvá-los. Apesar de os já conhecidos heróis serem m chamariz à trama, ela gira em torno de Missy (YaYa Gosselin), filha do herói Marcus Moreno (Pedro Pascal).

Ao contrário de seus amigos e do que todo mundo espera dela, Missy não desenvolveu poderes como a maioria dos filhos dos poderosos, mas caberá a ela liderar a nova equipe formada pelos filhos dos heróis para salvar os pais e o mundo.

“Pequenos Grandes Heróis” é um filme para crianças e pré-adolescentes e, por isso, seus conflitos talvez pareçam não importar para os adultos - briga entre irmãos, falta de autoestima, problemas de comunicação… Tudo envolto em uma embalagem lúdica e de fácil compreensão.

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"Pequenos Grandes Heróis". Crédito: Ryan Green/NETFLIX

As crianças parecem se divertir o tempo todo em cena, pegando emprestados os poderes de seus personagens para participar da brincadeira de Rodriguez. Os adultos, como o já citado Pedro Pascal, Boyd Holbrook (“Narcos”) e Priyanka Chopra (“The Good Place”) entendem perfeitamente em que tipo de filme estão e como devem interpretar seus personagens se nunca roubar a cena das crianças.

Narrativamente, “Pequenos Grandes Heróis” é previsível, convencional e tem umas saídas bem questionáveis no roteiro, mas repito: é um filme para crianças, cheio de absurdos que funcionam a favor da diversão. É como assistir a um episódio de “Detetives do Prédio Azul” em que Pippo, Sol e Bento desenvolvem poderes para lutar contra alienígenas invasores. Quantos adultos você conhece que gostam ou conhecem “D.P.A”?

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Taylor Dooley como Lavagirl e JJ Danshaw como Sharkboy. Crédito: Ryan Green/NETFLIX

Ao mesmo tempo, se esticarmos um pouco a corda, “Pequenos Grandes Heróis” não é um filme tão diferente de “Mulher-Maravilha 1984” - os dois brincam com o ridículo que as possibilidades de seus roteiros oferecem dentro de seus universos, cada um a seu modo. A sequência de Diana prendendo seu laço às nuvens antes de voar se encaixaria perfeitamente no filme de Robert Rodriguez.

“Pequenos Grandes Heróis” deve ser consumido como o que é, um filme para crianças, uma história que parece saída da mente de um pai criativo contando histórias para seus filhos antes de dormir. Ainda assim, pode colocar um sorriso no rosto de muitos pais que buscam bons 90 minutos de diversão ao lado dos filhos.

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