Crítico de cinema e colunista de cultura de A Gazeta

Joel Schumacher deve ser lembrado por mais que dois "Batman" ruins

Diretor nova-iorquino morreu nesta segunda (22) em decorrência de um câncer. Ele dirigiu clássicos como "Um Dia de Fúria" e "Garotos Perdidos", além de ter sido um grande descobridor de talentos

Publicado em 22/06/2020 às 19h34
Cineasta Joel Schumacher, morto em 22 de junho de 2020
Cineasta Joel Schumacher, morto em 22 de junho de 2020. Crédito: Sony/Divulgação

Joel Schumacher sempre é associado a “Batman Eternamente” (1995) e “Batman & Robin” (1997), dois fracassos lembrados como exemplos de como não se fazer filmes de heróis, mas o diretor nova-iorquino, morto em decorrência de um câncer nesta segunda (22) aos 80 anos, fez muito mais que isso. Curiosamente, dirigir um filme do Batman era um sonho de Schumacher, que queria adaptar o clássico “Batman: Ano Um”, de Frank Miller, para as telas. Os produtores quiseram um filme mais “amigável” e “divertido”. Deu no que deu.

O diretor foi superimportante para a geração que cresceu nos anos 80 com filmes como “O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas” (1985) e principalmente “Garotos Perdidos” (1987). Com estilos diferentes, os dois filmes falavam de amadurecimento e descobertas para uma geração à época com poucas vozes. O sucesso de bilheteria e crítica dos dois filmes o credenciaram para projetos maiores.

Joel Schumacher também sempre foi considerado um grande descobridor de talentos em Hollywood - de Julia Roberts a Matthew McConaughey, passando por Colin Farrell, Kiefer Sutherland, Jason Patric e Rob Lowe, todos tiveram seus primeiros papéis de destaque nas mãos do diretor.

No início dos anos 1990, “Linha Mortal” (1990) misturava ficção científica e terror com um elenco de Kiefer Sutherland, Julia Roberts e Kevin Bacon. O filme triplicou seu custo de produção com bilheteria e até ganhou um remake recente, em 2017, mas sem o mesmo charme.

Seu melhor momento no cinema talvez tenha sido o clássico “Um Dia de Fúria” (1993), com Michael Douglas. Ainda hoje, quase 30 anos depois, o filme continua ótimo, uma lembrança fresca na memória dos mais velhos e uma referência que acabou consumida por outras gerações.

Filme
Filme "Um Dia de Fúria". Crédito: Reprodução

Schumacher também foi o responsável por levar às telas dois livros de John Grisham: “O Cliente” (1994) e “Tempo de Matar” (1996), para o qual foi escolhido pelo próprio autor.

Mesmo após seus “Batman” virarem chacotas, representando tudo de ruim que havia nos anos 1990, o cineasta entregou filmes da qualidade de “8MM” (1999), “Ninguém é Perfeito” (1999) e “Tigerland” (2000). Na década seguinte, manteve o acelerado ritmo, lançando quase um filme por ano. Só no início dos anos 2010 foi que desacelerou um pouco. Seu último trabalho foi dirigindo dois episódios de “House of Cards” para a Netflix.

Colin Farrell em "Tigerland" . Crédito: Divulgação
Colin Farrell em "Tigerland" . Crédito: Divulgação

Gay assumido desde sempre, Joel Schumacher era cobrado por seus pares a se posicionar, mas sempre se declarou um “gay não-ativista”. O cineasta também garantiu ter “aproveitado a vida” e a vida de um “homem gay disponível. Ano passado, durante as comemorações de seus 80 anos, ele disse ter dormido com cerca de 20 mil homens.

A postura lhe lhe rendeu um pouco de dor de cabeça em Hollywood. As críticas de “Batman & Robin” na época do lançamento insistiam em dizer que Schumacher pensou os protagonistas como um casal, algo que sempre rechaçou. “Se fosse um diretor hétero e o mesmo filme, não diriam isso”, respondia.

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