Nessa coluna, Nanda Perim fala de sua experiência como psicóloga e educadora parental, dando seu parecer sobre questões atuais da educação infantil, trazendo dicas, humor e muita novidade boa!

Retorno às aulas na pandemia pede solidariedade

Como fica a saúde emocional de uma criança que não pode brincar livremente e precisa ficar parada em um espaço demarcado por fita crepe no chão? Como ela fica sem brinquedos, sem amigos, sem ventilador ou ar condicionado no verão que se aproxima?

Publicado em 08/10/2020 às 09h01
Escolas da educação básica sem alunos
Volta às aulas na escola da educação infantil. Crédito: Divulgação/Prefeitura de Linhares

O retorno às aulas já é uma realidade, e com ele muitas inseguranças e incertezas. Vídeos de escolas que retornaram no Sul do país mostram crianças limitadas a retângulos demarcados com fita crepe no chão, de máscaras e sem brinquedos, numa sala sem ar condicionado ou ventilador com uma professora toda coberta de máscara, luvas e protetor facial. A imagem choca, entristece.  Parecem animais em baias, como um canil. Essa triste imagem nos deixa preocupados, uma vez que a maior justificativa para a volta às aulas - depois da necessidade dos pais trabalharem - é a saúde emocional das crianças. E então eu te pergunto: como fica a saúde emocional de uma criança que não pode brincar livremente e precisa ficar parada, sem brinquedos nem amigos, sem ventilador ou ar no verão mais quente dos últimos anos que se aproxima?

E, como mencionado em coluna anterior, se é difícil para uma escola controlar quando uma criança chega com piolho, que saem praticamente todas com a cabeça coçando, imagina só com um vírus, que é absolutamente mais difícil de controlar.

Em Manaus as aulas voltaram e tivemos 1.770 profissionais da Educação testados positivo para a Covid-19 desde o retorno. O Sinteam (Sindicato dos Trabalhadores de Educação do Estado do Amazonas) fez greve parcial contra a retomada das aulas presenciais. Já a Seduc (Secretaria de Estado de Educação) descarta a relação entre os casos positivos e o reinício das atividades escolares. Na Georgia, EUA, conforme mencionado em coluna anterior, seis dias após a reabertura da escola, mais de 820 alunos e 260 funcionários tiveram que fazer isolamento total devido a um aluno infectado. Já na França, uma semana após a reabertura foram fechadas mais de 70 escolas. Na Alemanha, duas escolas que reabriram tiveram que fechar logo após abertura. Enquanto em Israel a reabertura das escolas causou novo surto da doença.

No entanto, temos inúmeros profissionais perdendo empregos ou passando enormes apertos, aumentando inclusive o índice de creches clandestinas por causa das escolas fechadas. Mães e pais do Espírito Santo precisam ter onde deixar suas crianças para voltar a trabalhar, uma vez que muitas empresas estão, também, retomando suas atividades presenciais. E aí, com as escolas voltando a abrir, mando ou não mando?

Escolas adotam medidas de segurança para volta às aulas
Escolas adotam medidas de segurança para volta às aulas. Crédito: Fernando Madeira

E a minha sugestão para você nessa coluna é: manda se você precisar mandar, mas se não precisar e puder manter sua rotina atual com suas crianças, então, por favor, não mande.

A grande questão que temos nas mãos é: por um lado, pais e mães que não têm outra opção e, por outro, escolas preocupadas com a saúde de seus funcionários com um grande volume de alunos voltando às aulas. Ou seja, cada aluno que não for e mantiver a rotina de hoje facilitará esse retorno com segurança, aumentando as chances de sucesso nesse retorno emergencial.

Desde o começo dessa pandemia, a solidariedade tem sido a grande aliada! Usar máscaras para proteger a si e aos outros, isolamento social com o mesmo intuito, fechamento de comércio, shopping, cinemas, todas decisões para evitar um pico de onda que não coubesse em nossos hospitais. A solidaredade falou alto até agora, mas não pode parar, porque por mais que as praias estejam cheias e os restaurantes também, não podemos esquecer que a pandemia ainda não passou, e não queremos uma nova onda de contágios nos fazendo voltar alguns passos que já conquistamos nas últimas semanas.

Muitas famílias foram passar quarentena em outros estados, muitas já retomaram o hábito de viajar a passeio, outras muitas estão viajando por necessidade... Por isso,  a outra solidariedade que te peço nessa volta às aulas é: se você precisa mandar sua criança de volta para a escola e ela está voltando de viagem, por favor, faça uma quarentena em casa antes desse retorno às aulas. Precisamos fazer o nosso máximo para que nessa volta às aulas não aumente o número de contágio. Essa responsabilidade é dos pais de cada uma das crianças da escola. Precisamos cuidar dos profissionais que cuidam das crianças e de toda a infraestrutura escolar. E a sua parte nisso é garantir que sua criança esteja seguindo todo o protocolo necessário e respeitando em todos os níveis as exigências de segurança.

Para a onda do corona não voltar com a volta às aulas, cada pai e cada mãe precisa fazer a sua parte. Que não comece uma nova onda de Covid-19 com esse retorno das escolas, apenas uma nova onda de solidariedade.

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