Mariana Reis é mestranda em Sociologia Política, Administradora , TEDex, Colunista e Personal Trainer

Ser criança para ser mais humano

Como adultos, não podemos fechar os olhos e deixar essa oportunidade escapar. Compartilhar desses momentos com a criança fará dela um adulto consciente e seguro

Publicado em 13/10/2021 às 16h49
As brincadeiras possuem um objetivo de socializar e interagir
Tenho tantas lembranças de quando era criança que ao escrever vou me dando conta delas e começo a pensar que num único texto elas não caberiam. Crédito: Reprodução/Freepik

Gosto muito da frase de Vygostsky, um pensador importante em sua área e época, pioneiro no conceito de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais e condições de vida. “O saber que não vem da experiência não é realmente saber”. Rodeada por alunos e sobrinhos, sempre que os observo, eles estão a construir histórias, e com isso, expressam vontades, reforçam sua identidade. Como adultos, não podemos fechar os olhos e deixar essa oportunidade escapar. Compartilhar desses momentos com a criança fará dela um adulto consciente e seguro.

É tão bom ter uma história para contar, não é mesmo? Tenho tantas lembranças de quando era criança que ao escrever vou me dando conta delas e começo a pensar que num único texto elas não caberiam. Adorava apertar a campainha dos vizinhos e sair correndo para me esconder debaixo do banco da pracinha, na inocência de não ser encontrada. As vizinhas reclamavam com a minha mãe, que na expectativa do revide das minhas amigas, desligava a campainha da casa.

Infância é quando o tempo é livre

Lembro muito dos piqueniques que fazia com o meu irmão e sobrinhos pela cachoeira. Quando tinha que atravessar o rio, meu irmão colocava me sobre seus os ombros e seguia. A sensação de superação ali já era marcante. Depois disso, estendíamos a toalha no chão e colocávamos as guloseimas que cada um escolhia para o momento. Era hora de saborear e descansar. Meu irmão descascava a cana que catávamos pelo caminho. Ali sentados, o tempo brincava de estátua e, pensando agora, a sensação é de que não havia nenhum impulso de controlar horas, minutos ou segundos. Será que minha paciência pode ter sido construída ali? Bom, a certeza acumulada dessa memória traz também o cheiro da natureza e as sensações de cumplicidade e amor que me acompanham até hoje.

É na infância que se forma um adulto feliz

Viver tudo que se tem direito é bom demais e é parte fundamental da infância. Essas experiências conjuntas e inesquecíveis ficam gravadas na memória das crianças, na convivência com seus queridos (irmãos, avós, tios, pai, mãe, primos, padrinhos). Quando há presença de verdade e algo útil, que tenha início meio e fim numa atividade, os valores ali construídos se tornam essência para uma vida inteira.

Hoje senti saudade e ela tem nome: brincadeira de criança. Fazia tempo em que não aparecia por aqui minha queda por listas e como o dia de hoje me remete a inúmeras situações e brincadeiras de criança, resolvi listar algumas que permearam meu universo infantil e, quem sabe, fizeram parte da sua vida ou, podem ser uma boa ideia para este dia.

Relembrar renova a gente

Pular corda, passa-anel, queimada, pique-bandeira, pique alto, pular elástico, apostar corrida, empinar pipa, andar de bicicleta, mímica, bolinha de gude, amarelinha, cinco marias, telefone sem fio, casinha... O meu convite é que continue a lista. E que o mundo em que vivemos (o de dentro e o de fora) possa nos trazer de volta as lembranças da criança que um dia cada um de nós foi.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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