Mariana Reis é administradora de empresas e educadora física. É pós-graduada em Gestão Estratégica com Pessoas e em Prescrição do Exercício Físico para Saúde. Atua como consultora em acessibilidade e gestora na construção e efetivação das políticas públicas para a pessoa com deficiência em Vitória

Lysa, um robô para você se apaixonar

Ele possui algoritmo com inteligência artificial para navegação, dois motores, cinco sensores, câmeras, bateria recarregável com duração de 8 horas e navegação por GPS, entre outros artifícios

Publicado em 18/05/2021 às 02h00
 Lysa
A Lysa é um dos grandes exemplos de como a tecnologia pode mudar nossas vidas para melhor. Crédito: Reprodução www.caoguiarobo.com.br

Na semana passada conhecemos um pouco sobre o cão-guia e sua importância na vida das pessoas com deficiência visual. Ainda que ele seja imprescindível nas tarefas diárias, o custo para se ter um cão-guia no Brasil gira em torno de 50 mil reais. Além de termos pouco desses animais em nosso país, o tempo de espera de um cão-guia pode passar de três anos. Os caminhos que um filhote percorre até estar pronto para guiar são muitos. Socialização com famílias voluntárias, convivência com humanos, adestrador especialista e por fim, o treinamento para quem vai receber o cão-guia são alguns deles.

No Brasil existem 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, e pasmem, somente setenta cães-guias. Diante de tantos desafios, resolver questões de mobilidade daqueles que necessitam de apoio para locomoção se tornou uma tarefa a ser cumprida. E foi justamente o que uma startup capixaba se propôs a desenvolver: assim nasceu a Lysa, o cão-guia robô.

Um pouquinho da história

A criadora da Lysa é a professora de robótica Neide Sellin, e a ideia do cão-guia robô se deu numa de suas aulas, em 2011. Todo inventor tem um quê de curiosidade bem aguçado, concorda? Na ocasião, uma aluna cega fazia parte da turma e foi aí que resolveu saber mais quais eram as dificuldades na hora de se locomover. Comovida, reparou que muitas pessoas com deficiência visual têm cicatrizes no rosto em função dos obstáculos aéreos que se tornam muito perigosos, como galhos de árvores.

Em 2014, a startup Vixsystem foi fundada e o protótipo já estava em mãos. A primeira versão custou R$ 30 mil. O Sebrae custeou 80% e o restante foi doação. De lá pra cá, algumas conclusões de testes e acessibilidade já são bem reais. E a Lysa não só substitui o trabalho do cão-guia como hoje se tornou bem mais viável, custando em média R$ 7 mil.

Outro fato precioso que faz com que o cão-guia robô seja uma substituição bem mais rápida e eficiente: no caso do animal, é preciso treiná-lo também para desobedecer a ordens que tragam perigo para o seu dono e para o próprio cão. Já a Lysa não necessita desse treinamento. Ah, em média um cão-guia precisa se aposentar depois de oito anos de trabalho.

O robô que enfrentou os tubarões

Sou fã do programa Shark Tank Brasil, um programa estadunidense, que tem como objetivo negociar com os tubarões, é uma verdadeira aula de empreendedorismo, e sempre que possível, não perco. E foi com muita surpresa que em um dos episódios, a Lysa corajosamente encarou o tanque cheio de tubarões bravos. O projeto desenvolvido no Espírito Santo por uma mulher, em uma escola pública do município de Serra, encantou os investidores. A Lysa saiu do programa com R$ 200 mil reais e quatro sócios para aperfeiçoar o projeto e torná-lo acessível a um número maior de pessoas.

Como é o cão-guia robô

A Lysa possui algoritmo com inteligência artificial para navegação, dois motores, cinco sensores, câmeras, bateria recarregável com duração de 8 horas, navegação por GPS, app mobile, gateway de comunicação para outros dispositivos e pode operar teleoperada. Essa linguagem parece nova para quem não é íntimo da robótica, mas com certeza a comunicação está bem estreita com as barreiras enfrentadas pelas pessoas com deficiência visual e que usam a bengala como guia.

A tecnologia é um elo que une pessoas através da sua velocidade, eficiência e capacidade de atuação. Com a Lysa compreendemos que ela também supera barreiras naturais e permite uma maior relação com questões sociais.

A Lysa é um dos grandes exemplos de como a tecnologia pode mudar nossas vidas para melhor. O projeto é tão inovador que já esteve presente em outras disputas por investimentos. Sem dúvidas, temos motivos de sobra para nos orgulhar. Com os investidores trabalhando no cão-guia robô, logo, logo a startup espera atender a fila de inscritos para receber a Lysa.

Para saber mais, veja aqui. E quem se interessar pode se cadastrar para usufruir dessa tecnologia e sair por aí sem medo de quebrar o nariz nas barreiras que insistem em não nos ver. E que a troca de carinho, amor e afeto, que desenvolvemos com os animais possa se dar pela direção e olhos do nosso cão-guia robô. E tomara não demore.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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