Eu quero a página em branco. Quero lápis apontado e borracha para as faltas de cuidado. Quero a chance novamente. Poder escrever de novo e, ainda, se quiser, fazer tudo diferente.
Quero ultrapassar as linhas que delimitam as palavras. Quero caderno pautado não! Quero extrapolar o cabeçalho, esquecer os acentos, violar a gramática e as regras de pontuação. Quero todo espaço que houver na imaculada brancura do amanhã.

Quero não sentir culpa por também escrever errado. Quero dizer o que sinto sem vocabulário sofisticado. Quero nunca fechar o pensamento, nem perder de vista as formigas gulosas que passeiam sobre meu texto. Quero palavras de caramelo, que derretam, ou lambuzem azedos preconceitos.
Quero réveillon. Brindar o novo com rabiscadas palavras que açoitem a pureza da branca página. Quero gritos escritos e letras perfumadas. Quero ser uma carta esperada, que apesar de atrasada, chega a tempo de provocar a virada.
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Quero as revoluções da lua, que cresce, míngua, vai, volta, mas é sempre nova. Quero que as frases minhas, sejam suas quando repetidas. Quero escrever de trás pra frente e falar de Roma, sempre.
Quero a poesia ordinária dos que amam sem medo e se entregam por vontade. Quero palavras que me carreguem como cavalos para outro universo. Quero escrever o inverso do que ontem foi dito.
Ano que vem, quero só tudo isso, e ir além!
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
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