Biólogo, mestre em Gestão Ambiental, comentarista de Meio Ambiente e Sustentabilidade da rádio CBN Vitória

COP30: as inovações que colocam a Amazônia no centro do mundo

Entre as grandes novidades tecnológicas apresentadas, o novo combustível sustentável brasileiro BE8 da BeVant atraiu olhares internacionais

Vitória
Publicado em 21/11/2025 às 14h34

A COP30 transformou Belém em um grande laboratório vivo de soluções climáticas, políticas e tecnológicas. Pela primeira vez, o coração da Amazônia recebe a maior conferência ambiental do planeta e isso muda tudo. Aqui, não é apenas a política que pulsa: é a floresta, sua ciência milenar, seus povos, suas águas, seus desafios e suas inovações.

Logo nos primeiros dias, o tom ficou claro: o mundo chegou ao limite, e a Amazônia não é apenas parte da solução ela é a solução. A conferência trouxe avanços decisivos em temas como descarbonização, proteção das florestas tropicais, financiamento climático, transição energética e justiça climática. Mas a COP30 também surpreendeu com novidades práticas e inovadoras que mostram que o futuro sustentável já está sendo testado aqui.

Entre as grandes novidades tecnológicas apresentadas, o novo combustível sustentável brasileiro BE8 da BeVant atraiu olhares internacionais. Produzido com tecnologia nacional e menor intensidade de carbono, o BE8 surge como alternativa real de transição energética para transporte rodoviário, agrícola e industrial. Ela simboliza a capacidade do Brasil de unir biocombustíveis de última geração com a vocação renovável do país.

Outra atração que movimentou debates foi o barco movido a hidrogênio verde, uma vitrine perfeita do que a Amazônia pode oferecer ao mundo quando ciência, sustentabilidade e inovação caminham juntas. A embarcação navegou pelos rios amazônicos com emissão zero, mostrando que novas soluções para transporte fluvial são possíveis e urgentes para preservar as águas da região e reduzir emissões em comunidades ribeirinhas.

Mas a COP30 não se resume à tecnologia. Aqui, mais do que em qualquer outra edição, os povos originários são protagonistas. Suas vozes não ecoam apenas em discursos, mas nas mesas de negociação, nos painéis científicos e nas propostas de ação. A demarcação e a proteção dos territórios indígenas tema recorrente nos debates foram apontadas como estratégias fundamentais para proteger a floresta, impedir o avanço do desmatamento e garantir a preservação dos saberes ancestrais.

COP30
Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, durante cerimônia de assinatura de alto ní­vel que marca a implementação concreta do anúncio polí­tico feito pelos Chefes de Estado durante a Cúpula de Líderes Mundiais na COP30. Crédito: Bruno Peres/Agência Brasil

A sabedoria tradicional indígena, construída ao longo de milênios de convivência equilibrada com a floresta, foi tratada pela comunidade científica como um dos pilares de um novo modelo de desenvolvimento: um modelo que respeita ciclos naturais, prioriza o manejo sustentável e reconhece o papel das comunidades tradicionais como guardiãs de áreas vitais para o clima do planeta.

Além dos debates políticos entre governos e chefes de Estado, a COP30 apresentou iniciativas concretas que chamaram a atenção: programas de restauração de florestas degradadas, projetos de créditos de carbono mais transparentes, tecnologias de monitoramento da Amazônia em tempo real e discussões sobre bioprodutos amazônicos como vetor de riqueza sustentável.

O clima da conferência no sentido técnico e emocional é de urgência, mas também de esperança. Belém vive um momento histórico, com ruas tomadas por delegações, cientistas, estudantes, jornalistas, empresas verdes e ativistas climáticos. E no centro de tudo está a convicção de que não existe futuro climático estável sem a Amazônia viva.

A COP30 está deixando claro: a transição energética já começou, a inovação sustentável deixou de ser promessa e a floresta amazônica não é apenas um território é um patrimônio global essencial para regular o clima, produzir chuva, armazenar carbono e manter a vida. E esse patrimônio tem guardiões: os povos originários, que precisam ter seus direitos respeitados e seus territórios protegidos.

Belém não está apenas sediando um evento; está lançando o modelo de futuro que o mundo precisa. E quem está aqui, como você, está testemunhando um novo capítulo da história climática global.

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