Começou a COP30, a maior conferência do clima do planeta. Pela primeira vez, ela acontece no coração da Amazônia, em Belém do Pará. O mundo inteiro volta seus olhos para a floresta que simboliza a vida, a diversidade e o futuro.
A conferência é dividida em dois grandes momentos.
Na primeira semana, ocorre o segmento político, com presença de chefes de Estado, ministros, líderes internacionais e representantes da ONU. É o período em que se definem as diretrizes e compromissos globais, como novas metas de descarbonização, mecanismos de compensação de carbono e acordos de cooperação financeira entre países.
Já a segunda semana, chamada de fase técnica, reúne cientistas, jornalistas, universidades, startups, empresas e organizações da sociedade civil. É nessa etapa da qual participo que se transformam os discursos em planos concretos de ação climática, programas de restauração ecológica, projetos de energias renováveis e políticas de adaptação às mudanças do clima.
A estrutura da COP é organizada em dois grandes pavilhões:
O Pavilhão Azul (Blue Zone) é o espaço oficial das negociações da ONU, reservado às delegações, plenárias e assinaturas de acordos internacionais. É o ambiente das decisões diplomáticas.
O Pavilhão Verde (Green Zone) é aberto à sociedade, com exposições, painéis, mostras tecnológicas e debates promovidos por ONGs, universidades, comunidades tradicionais e empresas inovadoras. É o coração social e educativo da conferência, onde nascem ideias que se transformam em projetos reais.
Os principais temas da COP30 refletem a urgência do nosso tempo:
- Fundo Global das Florestas, com novas regras e aportes para financiar a preservação da Amazônia e de outros biomas tropicais;
- Mitigação e adaptação às mudanças climáticas, buscando reduzir emissões de gases de efeito estufa e aumentar a resiliência das populações vulneráveis;
- Transição energética justa, substituindo combustíveis fósseis por energia solar, eólica, biomassa e hidrogênio verde;
- Justiça climática e social, garantindo que os países mais pobres e as populações tradicionais recebam apoio técnico e financeiro;
- Bioeconomia e economia de baixo carbono, como caminhos sustentáveis de desenvolvimento;
- Proteção dos oceanos e biodiversidade, reforçando compromissos da agenda de 30% de áreas protegidas até 2030;
- Financiamento climático, com foco no cumprimento da promessa de US$ 100 bilhões anuais dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento.
A presença das vozes amazônicas é o grande diferencial desta edição. Povos indígenas, ribeirinhos e comunidades tradicionais estão no centro das discussões sobre justiça climática, mostrando ao mundo que proteger a floresta é proteger a vida.
O Brasil tem uma oportunidade histórica de liderar pelo exemplo mas precisa garantir que os compromissos firmados em Belém se tornem ações concretas e duradouras.
A COP30 não termina no dia 21 de novembro. Ela continua em cada decisão, em cada política pública, em cada empresa e cidadão que opta por um futuro mais sustentável.
A Amazônia está no centro do mundo. E a hora é agora.
Livros indicados:
- Contribution of Environmental Sciences to COP-30 in the Amazon: Encyclopedia of Good Practices (geral organizado por Carlos Alberto Cioce Sampaio e outros) reúne mais de 60 práticas ambientais voltadas para a Amazônia, com foco no que será debatido na COP30.
- COP 30 Brazil: Belém, the Amazon, and Global Climate Action oferece uma análise da importância de sediar a COP30 em Belém, no Pará, e os desdobramentos globais dessa escolha.
- COP 30: The Amazon at the Center of Climate Governance (e-book publicado por LACLIMA Institute) compila artigos científicos e reflexões sobre governança climática, Amazônia e financiamento climático, com foco direto na COP30.
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