Luiz Cola é enófilo há mais de vinte anos e membro de diversas confrarias de vinho no ES. Realiza palestras, cursos, degustações temáticas e presta consultoria em vinhos para restaurantes e adegas

Malbec Day celebra os vinhos feitos com alma e sangue argentinos

17 de abril é a data para celebrar a uva Malbec, que faz mais sucesso na Argentina do que em Cahors, na França, onde começou a ser cultivada

Publicado em 17/04/2020 às 10h00
Atualizado em 17/04/2020 às 10h00
Vinhas Velhas de Malbec (1948) na Bodega Carlos Pulenta

Há exatos 152 anos, chegava à Argentina a uva Malbec, originária da região do Cahors, no Sudoeste da França. Levada ao país latino em 1868 pelo francês Michel Pouget, paulatinamente a casta transformou-se em referência para a vitivinicultura argentina, elevando seus vinhos ao status de ícone nacional e obtendo grande reconhecimento mundial.

Vinhas Velhas de Malbec (1948) na Bodega Carlos Pulenta
Vinhas velhas de Malbec (1948) na Bodega Carlos Pulenta. Crédito: Luiz Cola

Se no futebol os argentinos são conhecidos pelo vigor, pela perseverança e por dar seu sangue pelo time, não foi diferente com a história vinícola do país. Ao visitar anos atrás o Museo del Vino, na Bodega La Rural, em Mendoza, observei o trabalho árduo e diário necessário para erguer as primeiras vinhas na desértica região de Mendoza. Ali, pude imaginar quanto sangue e suor foi empregado para transformar os bagos das primeiras videiras nesse precioso líquido rubi.

Museo del Vino na Bodega La Rural, em Mendoza, Argentina
Museo del Vino na Bodega La Rural, em Mendoza. Crédito: Luiz Cola

Dos simples lagares feitos de couro de vaca aos ultra-modernos “rototanks”, a Malbec esteve presente em todas as etapas do desenvolvimento vinícola da Argentina. 

Dos primeiros fermentados duros e rústicos, feitos para o consumo diário dos agricultores, aos potentes, sedosos e frutados vinhos que encantam o mercado consumidor moderno, a casta deixou para trás sua longínqua origem francesa (ela ainda é bastante cultivada em Cahors) para firmar-se como o vinho feito com a alma e o sangue argentino.

Garrafas de Malbec Safra 1977 na Bodega Weinert
Garrafas de Malbec Safra 1977 na Bodega Weinert. Crédito: Luiz Cola

Hoje em dia, percorrendo o interior de qualquer vinícola do país, seja nas alturas de Salta, em meio aos ventos frios da Patagônia ou, mais provavelmente, nos arredores de Mendoza, veremos instalações modernas e exuberantes, como nas renomadas Catena Zapata e Zuccardi, ou tradicionais e bastante antigas, como as bodegas López e Weinert, que reverenciam a Malbec como matéria-prima dos melhores vinhos da Argentina. 

Se olharmos com um pouco mais de atenção ou imaginação, seremos capazes de enxergar pequenas gotas de “sangue” espalhadas por todo o lugar. Ou será que são de vinho?

Acompanhe o colunista também no Instagram.

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.