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Prefeito e deputado federal duelam nas redes sociais

Luciano Pingo, de Ibatiba, e Neucimar Fraga, candidato à reeleição, rebateram um ao outro devido a emenda destinada à cidade.  Veja o que isso ilustra

Vitória
Publicado em 21/09/2022 às 20h34
Atualizado em 21/09/2022 às 20h50
Prefeito de Ibatiba, Luciano Pingo, e deputado federal Neucimar Fraga
Prefeito de Ibatiba, Luciano Pingo, e deputado federal Neucimar Fraga. Crédito: Facebook Luciano Pingo/ Câmara dos Deputados

O prefeito de Ibatiba, Luciano Pingo (Pros), e o deputado federal Neucimar Fraga (PP) travaram uma espécie de duelo virtual devido a questionamentos sobre o envio ou não de R$ 1 milhão em emendas por parte de Neucimar para a pequena cidade de 26, 7 mil habitantes localizada no Sul do Espírito Santo.

Pingo é apoiador do governador Renato Casagrande (PSB). Neucimar, também. Mas o prefeito quer a reeleição de outro deputado federal do PP, Da Vitória. Este também aliado ao governador.

Logo após a publicação deste texto, Neucimar entrou em contato com a coluna para dizer que não é casagrandista. A coluna até achou que isso significaria mais uma reviravolta no cenário político local e o parlamentar não estivesse mais no palanque de Casagrande.

O deputado, no entanto, emendou que continua apoiando a reeleição do governador, com uma observação: "Isso não quer dizer que sou casagrandista".

Mas voltemos ao assunto principal.

Tudo começou quando Neucimar postou um vídeo informando que havia destinado a cifra em emendas para Ibatiba. No Twitter, Pingo retrucou e chamou a história de "grande mentira":

"Recebi vídeo de um Deputado Federal dizendo que destinou 1 milhão para Saúde Municipal esse ano. Perdoe-me, Deputado, mas é uma GRANDE MENTIRA sua fala, pois o dinheiro não chegou nos cofres da Prefeitura de Ibatiba. Estamos de ‘contas abertas’. Cumpra a palavra ou será Pinóquio".

No Instagram, Pingo reforçou: "Cadê o dinheiro, deputado? Deixa de FRAGA, ops, de FARSA. Cumpra e mande os recursos para Ibatiba".

Depois, foi a vez de Neucimar rebater, em um vídeo em que fala aos eleitores de Ibatiba.

"Nós destinamos, além de R$ 900 mil para a saúde de Ibatiba, uma emenda de R$ 500 mil para o Ifes de Ibatiba. O Ifes, que em 2006, quando eu falei que eu ia levar para a cidade, me chamaram de mentiroso (...) Também destinamos, através da Seag (Secretaria Estadual de Agricultura), uma retroescavadeira para a cidade de Ibatiba. Então, são quase R$ 2 milhões destinados à cidade de Ibatiba", afirmou.

No site da campanha, o deputado publicou dois ofícios. Um enviado ao próprio Pingo, em maio de 2022, informa que Neucimar destinou "recursos federais de emenda de relatoria", ou seja, do Orçamento Secreto, no valor de R$ 900 mil para a saúde do município.

O outro é destinado ao diretor-geral do Ifes de Ibatiba, Eglon Guimarães, e informa a destinação de R$ 500 mil, via emenda de bancada, para investimento na instituição. O ofício é de 17 de fevereiro de 2022.

Toda essa discussão, como diria o colunista de O Globo Ancelmo Gois, não é nada, não é nada .. não é nada mesmo.

Mas serve como ilustração da situação do país.

Os parlamentares arvoram-se destinadores de dinheiro do Orçamento Geral da União, que caberia, em tese, ao Executivo executar. E essas emendas, inclusive as do Orçamento Secreto, definidas por critérios nada transparentes, tornam-se vitrines em ano eleitoral.

Claro que isso não começou agora, mas foi turbinado no governo Bolsonaro, que é apoiado por Neucimar.

Os municípios e entidades, é claro, precisam da verba. A coluna em nenhum momento diz que houve desvio ou que o dinheiro não deveria chegar lá.

Mas triste sina em que, para obter recursos, tem-se que ficar de pires na mão e contar com estratagemas políticos.

Não é à toa que até prefeito e deputado batem cabeça sobre o dinheiro. Parece que é secreto mesmo.

PROS

E aqui um adendo a respeito do Pros. O partido nanico protagonizou treta atrás de treta nestas eleições, passando do palanque de Casagrande para o de Audifax (Rede) na disputa pelo Palácio Anchieta e vice-versa, a reboque de reviravoltas na cúpula nacional e de decisões judiciais.

Por fim, o Pros ficou na coligação do governador. E na de Rose de Freitas (MDB), candidata ao Senado.

Pingo, entretanto, apoia Erick Musso (Republicanos) para o Senado. É um dos poucos prefeitos que não estão ao lado de Rose.

O episódio é mais um que descortina que o fim das coligações para a eleição de deputados, apesar de ter melhorado a colcha de retalhos das alianças eleitorais, não resolveu o problema completamente.

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