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Em Vitória, Paulo Guedes defende tirar universidades do MEC

Ministro da Economia esteve, no ES, em evento em faculdade de negócios privada. O contexto é o segundo turno da eleição pelo governo do estado, que tem candidato bolsonarista

Vitória
Publicado em 26/10/2022 às 20h09
Fazenda Santo Antônio do Muqui, do Barão de Itapemirim.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, durante palestra na Fucape, em Vitória. Crédito: Carlos Alberto Silva

O ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, esteve em Vitória, no Espírito Santo, nesta quarta-feira (26), e defendeu, a uma plateia formada por empresários, alunos da Fucape Busness School e apoiadores do candidato bolsonarista ao governo, Manato (PL), uma proposta para a Educação com possíveis reflexos no mercado de trabalho.

"Eu não posso dar muito palpite. Mas uma coisa que me atrai é pegar o ensino superior e tirar do Ministério da Educação e fazer a fusão com o Ministério da Ciência e Tecnologia que, por sua vez, cola nas empresas", afirmou Guedes.

O ministro respondia a uma pergunta feita pelo diretor financeiro da Arcelor Mittal, Paulo Wanick, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo (IBEF-ES). Wanick destacou a falta de mão de obra especializada como um entrave para as empresas.

"A Petrobras está colada na PUC lá do Rio, tá fazendo instalações de pesquisa. Está todo mundo colando nas universidades, financiando pesquisa e treinando mão de obra . A gente precisa dessa conexão com o mercado de trabalho. É bom para a empregabilidade, é bom para fazer o financiamento dessas universidades. E é bom para o treinamento desse capital humano especializado", respondeu o ministro da Economia.

Concordo que a produção universitária tem que estar mais conectada ao mercado de trabalho. A academia deve estar ligada à vida fora da universidade ou faculdade. Mas o que seria dos cursos de História, Geografia, Ciências Sociais? 

Quem os financiaria? Eleitores do presidente Bolsonaro diriam que não há razão para serem incentivados, pois não dão retorno financeiro. Nesse caso, o ensino superior seria igualado ao ensino técnico, que tem seu valor. Mas, assim, reduziríamos a chance de desenvolver o pensamento crítico dos universitários.

Como uma sociedade pode progredir sem isso? Certamente, um diploma de graduação ou até de doutorado não garante o pensamento crítico, nem mesmo quando esses títulos vêm das ciências humanas, mas como poderia vir da ignorância sobre o passado e o estado atual da sociedade?

Compreender esses aspectos também é importante para o mercado de trabalho, embora nem sempre os empregadores se atentem para isso.

"Então, se dependesse de mim, eu pegava essa parte de ensino superior e jogava para o Ministério de Ciência e Tecnologia e as empresas e fazia até um plano qualquer ... você deduzia do Imposto de Renda treinando gente para você", afirmou Paulo Guedes à plateia. 

Imagino que Guedes não tenha feito a reflexão que fiz aqui. O fato de ele ter dito "não entendo de política", enquanto ocupa um cargo de viés político, depõe a esse respeito e não carece de explicações.

"A esquerda critica, critica, mas ela está há 30 anos no poder e estamos no último lugar do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes). Então está meio sem moral para criticar", complementou Guedes, à plateia.

O mais recente Pisa foi divulgado em 2019, com dados de 2018. O Brasil não apareceu em último lugar, mas está entre os últimos, quase lá (na pior posição). O levantamento avalia estudantes de 15 anos, não os do ensino superior.  O país caiu no ranking mundial de educação em matemática e ciências e ficou estagnado em leitura.

Nas eleições de 2018, Guedes foi apresentado como "o Posto Ipiranga" do presidente Jair Bolsonaro, aquele que daria as orientações sobre todos os assuntos relacionados à Economia. 

Com o passar do tempo, ficou claro que Guedes não é tão "superministro" quanto foi apregoado, mas mantém o cargo e é um ator relevante no governo federal.

Em Vitória, ele endossou Manato, ainda que mais ou menos discretamente, na corrida pelo Palácio Anchieta. O adversário dele é o governador Renato Casagrande (PSB).

O convite para o ministro vir ao estado partiu do deputado federal Evair de Melo (PP), um dos vice-líderes do governo na Câmara, e do sócio fundador da Fucape Aridelmo Teixeira (Novo), que já foi anunciado como futuro secretário estadual da Fazenda no caso de vitória do candidato local do PL.

O chefe de Guedes, Jair Bolsonaro, também está em campanha. Ele disputa o segundo turno das eleições presidenciais, contra o ex-presidente Lula (PT).

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