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Casagrande diz que Bolsonaro é “contraditório” na condução da crise

Governador avaliou que o presidente parece que está sendo convencido pela realidade, mas às vezes se contradiz e subestima a situação

Publicado em 23/03/2020 às 20h31
Atualizado em 23/03/2020 às 20h31
O governador Renato Casagrande e intérprete de libras durante entrevista coletiva remota
O governador Renato Casagrande e intérprete de libras durante entrevista coletiva remota. Crédito: Reprodução/Facebook

Em entrevista hoje (23) à noite por vídeo com um grupo de jornalistas, o governador Casagrande afirmou que Bolsonaro parece que começou a ser convencido da gravidade da crise provocada pela pandemia do coronavírus no Brasil. Ao responder a uma pergunta desta coluna sobre como ele avaliava a condução da crise pelo presidente, o governador avaliou que Bolsonaro começou a adotar algumas ações, mas que ainda é contraditório.

“O presidente está sendo convencido por ele mesmo ou sendo convencido pela realidade e por isso nos últimos dias passou a tomar algumas medidas de redução do impacto dessa crise. Mas ele dá declarações muito contraditórias. Ao mesmo tempo que ele tem um ministro [Mandetta, da Saúde] que diz que o Brasil entrará em colapso, que nós temos que nos preparar para o pior, ele dá declarações de que essa crise não tem tamanho e que não é preciso ter preocupação com ela.”

Casagrande destacou que a sociedade não está aprovando a atuação de Bolsonaro: “A condução do presidente da República está sendo avaliada de forma negativa pela sociedade brasileira, não é pelos governadores. Algumas pesquisas apontam isso porque ele está menosprezando uma situação que tem sido muito grave em outros países”.

Sobre a acusação do presidente de que alguns governadores são “exterminadores de emprego”, por adotarem medidas duras durante a crise, o governador se defendeu: “Numa realidade dessa que envolve vidas, é melhor pecar pelo excesso do que menosprezar e depois sofrer muito. Quanto mais a gente tomar medidas agora, menor será o impacto. Os governadores estão tomando várias medidas nos Estados, e isso sim poderá reduzir o impacto da crise. Mas nem eu sei se com essas medidas a gente reduzirá o tamanho da crise como a gente quer”, admite.

Governador Casagrande

Sobre as medidas restritivas adotadas nos Estados por causa do coronavírus

"Este é o debate que se faz e deve ser feito com responsabilidade. O presidente da República não pode só fazer o enfrentamento com os governadores porque isso não constrói"

O governador capixaba destacou ainda que a imobilização social implementada nos Estados tem respaldo nos alertas científicos: “Há uma necessidade de medidas, não sou eu quem digo, quem diz são todos os cientistas do mundo, são os cientistas do Brasil, são os pesquisadores, cientistas e gestores da saúde pública do Estado do Espírito Santo. Esta contenção social, esta imobilização social é um caminho para a gente reduzir a curva de crescimento da contaminação e o sistema de saúde dar conta [da demanda]. Porque, se não for assim, muitas pessoas vão morrer sem assistência”, alertou.

Por fim, Casagrande elogiou a retomada do contato do presidente com os governadores. “Hoje ele teve uma videoconferência com os governadores do Norte e do Nordeste, na quinta-feira vai ter uma videoconferência conosco. Minha torcida, meu desejo, é que todos estejamos todos juntos trabalhando para reduzir o impacto. O presidente da República precisa liderar esse processo no Brasil.”

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