As doenças cardiovasculares estão entre as principais causas de morte em todo o mundo, responsáveis pelo fim de mais de 20 milhões de vidas a cada ano. Nas últimas décadas, essas mortes têm aumentado especialmente em países de baixa e média renda, onde ocorram, estima-se, cerca de 80% das mortes cardíacas. Seu cardiologista, caro leitor ou leitora, deve ter lhe alertado sobre a importância dos níveis de colesterol, de evitar o cigarro, praticar atividade física, o controle do estresse, entre outros cuidados.
Neste ano de 2025, as infecções virais têm merecido atenção das sociedades de cardiologia pelo mundo afora. Uma extensa revisão sistemática incluiu 155 estudos conduzidos no mundo inteiro até o ano passado e foi publicada no início deste mês na prestigiosa revista Journal of the American Heart Association.
A gripe comum (influenza) está associada a um risco sete vezes maior de infarto agudo do miocárdio, em especial na primeira semana em que a pessoa está gripada, risco este que persiste quase duas vezes maior na semana seguinte. Já o risco de acidente vascular cerebral é cinco vezes maior no primeiro mês seguinte à gripe.
A Covid-19 foi avaliada em 17 estudos. Todos foram consistentes em demonstrar que existe um risco maior de a Covid-19 se associar a um infarto agudo do miocárdio ou acidente vascular cerebral nas 14 semanas seguintes à infecção pelo vírus SarsCov2. Esse risco maior variou entre duas a três vezes nos diversos estudos.
Infecções crônicas como as causadas pelo vírus herpes-zóster e a própria infecção pelo vírus HIV (vírus da Aids) também estão associadas. Um determinado estudo de acompanhamento mostrou que a infecção pelo vírus do herpes-zóster permanecia associado a um alto risco de acidente vascular cerebral e a doença coronariana em um follow up (seguimento) de cinco anos!
Os autores destacam que as infecções virais desencadeiam uma resposta inflamatória aguda, com níveis altos de mediadores pró-inflamatórios, do grupo das citocinas, levando a disfunção do endotélio dos vasos sanguíneos e um estado de hipercoagulabilidade. Todos esses mecanismos podem levar a acidentes vasculares e ruptura de placas ateroscleróticas.
Outro estudo publicado neste semestre no Jama (Journal of American Medical Association) mostrou que, em adultos com mais de 60 anos, hospitalização por doença cardiovascular foi reduzida com vacinação contra o vírus sincicial respiratório (VSR).
Assim, as sociedades de cardiologia, como a sociedade europeia de cardiologia, consideram a vacinação como um novo pilar importante na prevenção do infarto, da angina e eventos cardiovasculares. Dessa forma, alem do colesterol, do controle do tabagismo, da pressão arterial, a procura de uma vida mais saudável envolve obrigatoriamente se vacinar.
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