A acne, definida popularmente como “as espinhas” que se espalham nas faces de adolescentes, vem deixando de ser considerada uma questão puramente cosmética que caracteriza o rito de passagem para a idade adulta. Estima-se que 80% dos adolescentes convivem com acne, que pode persistir até mais tarde na idade adulta, com importantes consequências para a autoestima. Casos de depressão em sequência a rostos mais comprometidos tem preocupado os médicos. O tratamento tópico é limitado e mesmo o uso de isotretinoína nem sempre é solução. Além de vários efeitos colaterais, a acne pode recidivar com interrupção da medicação. A acne é causada por bactérias que crescem nos poros obstruídos. A genética e hormônios têm seu peso, é claro. O gasto mundial em produtos para acne é estimado em quase 10 bilhões de dólares.
A francesa Sanofi está recrutando 400 pessoas com acne de moderada a severa nos Estados Unidos da América para testar uma vacina terapêutica. Os voluntários receberão duas doses de vacina e um reforço um ano depois. As vacinas em teste usam a tecnologia do RNA mensageiro que codificam proteínas da bactéria envolvida na acne. Outro grupo ligado à Universidade da Califórnia, em San Diego, também está trabalhando em pesquisa de vacina para acne, mas usando tecnologia diferente. Tendo com alvo a hialuronidase, os pesquisadores tentam interferir nos processos inflamatórios envolvidos na acne, independente das bactérias envolvidas.
A tecnologia de RNA mensageiro que representa um dos mais extraordinários avanços da Medicina moderna, que deu um prêmio Nobel a dois cientistas que contribuíram na estabilização destas moléculas, e que representa uma extraordinária esperança em tratamentos mesmo de câncer os mais diversos, tem enormes desafios a enfrentar. Primeiro, hoje sofre carga das autoridades sanitárias dos mesmos Estados Unidos da America. JFK Jr é desafeto declarado das vacinas de mRNA e fará o possível para dificultar novas pesquisas.
O segundo desafio é que nuca vivemos um momento de tanta desconfiança em relação às vacinas. Uma pesquisa Gallup o ano passado ouviu 1010 adultos nos EUA em que somente 40% consideravam extremamente importantes para os pais vacinarem seus filhos contra doenças graves como o sarampo. Tempos desafiadores para a ciência.
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