Em julho passado o Jama (Journal of American Medical Association) publicou a sua cobertura da reunião anual da Asco (American Society of Clinical Oncology) em Chicago. Além do destaque de como o exercício físico supervisionado aumenta a sobrevida de portadores do câncer de intestino, o estudo Challlenge que já abordamos aqui, outros aspectos importantes sobre estilo de vida também foram comentados.
A dra. Kimmie Ng foi autora sênior de um estudo que procurou correlacionar dieta pró-inflamatória e sobrevida também em câncer de intestino. Os autores acompanharam 1625 pacientes com idade média de 60,9 anos conforme o conteúdo pró-inflamatório de sua dieta usando o score EDIP (empiric dietary inflamatory pattern).
Alimentos pró-inflamatórios seriam carnes processadas como salsicha, bacon, linguiça, produtos com açúcar refinado (doces, refrigerantes, etc), pão branco, arroz branco, sucos com adição de açúcar, etc). Alimentos anti-inflamatórios são folhas verdes, azeite extravirgem, amêndoas, nozes, chia, linhaça, verduras, legumes, grãos integrais como quinoa, arroz integral, aveia. Os pesquisadores observaram que as pessoas que consumiam uma dieta mais inflamatória tinham uma sobrevida pior que aquelas que consumiam uma dieta menos inflamatória.
Também foi discutido no evento da Asco que pessoas que usaram as novas canetas emagrecedores (agonistas de GLP-1, como Ozempic) tiveram muito reduzida a incidência de pelo menos 14 cânceres relacionados à obesidade, em relação a pessoas que tratavam sua diabetes sem uso de medicamentos que levassem à perda de peso.
Esse estudo em particular foi feito em pessoas com câncer e diabetes, obesas. Curioso notar que, no que diz respeito à evolução de câncer de intestino, os resultados mostravam que atividade física supervisionada e dieta anti-inflamatória tinham mais efeito na sobrevida do que alguns medicamentos caros e sofisticados, então disponíveis.
Ainda em relação ao câncer de intestino, cuja melhor prevenção permanece sendo a realização regular de colonoscopia, exame que exige preparo e nem sempre disponível à toda a população, o mesmo evento médico apresentou um teste sanguíneo para rastreamento. Esse teste, ainda não aprovado pela FDA, de uma companhia chamada Freenome consta de investigação de DNA por meio de inteligência artificial. É capaz de detectar uma assinatura de metilação única associada à neoplasia de cólon. O teste mostrou 79% de sensibilidade para detectar câncer colorretal e 92% para doença avançada.
Também muito interessantes foram estudos apresentados avaliando tratamento para dez tipos diferentes de câncer que mostraram que iniciar os ciclos de imunoquimioterapia antes das 15h tinha eficácia maior que feitos mais tarde, mostrando que os ritmos circadianos devem influir na terapia. Enfim, são novidades interessantes e aplicáveis com baixo custo.
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