Doutora em Epidemiologia (UERJ). Pós-doutora em Epidemiologia (Johns Hopkins University). Professora Titular da Ufes. Aborda nesta coluna a relação entre saúde, ciência e contemporaneidade

No ES, 31 crianças de 0 a 5 anos morreram de Covid. Chegou a hora da vacina

Número representa algo que não pode ser mensurado, a dor de muitas famílias pela perda de seus filhos. Estudos demostram que as vacinas, liberadas agora para o público de 3 a 5 anos, além de proteger contra casos graves, ainda evitam a Covid longa

Publicado em 21/07/2022 às 02h01
SOROCABA, SP - 16.03.2021: VACINAÇÃO EM SOROCABA SP - Seringas e frasco da vacina Coronavac/Butantan durante vacinação (primeira dose) em idosos a partir de 76 anos nesta terça-feira (16) em Sorocaba, interior de SP. A operação aconteceu no modelo drive-thru, no Instituto Humberto de Campos. (Foto: ) ORG XMIT: 2043265
Seringas e frasco da vacina Coronavac/Butantan durante vacinação . Crédito: Cadu Rolim /Fotoarena/Folhapress

Na última quarta-feira (13), a Anvisa aprovou o uso da vacina Coronavac em crianças de 3, 4 e 5 anos, idades ainda não contempladas em nenhuma fase da campanha, aptas agora para a imunização. Após a aprovação, o Ministério da Saúde fez o anúncio da recomendação para essa faixa etária. Assim, os municípios podem, efetivamente, começar a aplicar as vacinas. Essa notícia vem em ótimo momento, pois representa a possibilidade de proteção e queda na transmissibilidade do vírus, em um momento de nova onda da variante Ômicron.

A decisão foi baseada em diversos estudos nacionais e internacionais sobre a eficácia da vacina em crianças. Um dos estudos clínicos, feito no Chile, mostrou efetividade de 55% da Coronavac contra a hospitalização de crianças que testam positivo para a Covid-19. Além disso, as crianças que participaram dos estudos clínicos apresentaram maior número de anticorpos e menos reações à vacina em relação aos adultos. Dados de estudos feitos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Instituto Butantan e pela Ufes também contribuíram para a decisão de aprovação da vacina.

O Brasil é segundo país onde mais crianças de 0-11 anos morreram de Covid, o que faz com que a decisão seja ainda mais importante. Na faixa etária de 0-5 anos, no Espírito Santo mais de 24 mil casos já foram confirmados e, infelizmente, 31 crianças perderam a batalha contra a Covid. Muito mais que um número isolado, isso representa algo que não pode ser mensurado, a dor de muitas famílias pela perda de seus filhos. Além disso, importante pontuar que desses mais de 24 mil infectados, segundo estimativas da OMS, em torno de 20% poderão apresentar sequelas da doença, a chamada Covid longa.

Estamos falando de mais de duas mil crianças, entre 0-5 anos, que poderão ter seu futuro afetado por sequelas motoras, neurológicas, cardiovasculares e outras, ainda desconhecidas, em um campo novo de estudos científicos.

Em janeiro deste ano, o Ministério da Saúde já havia incluído as crianças de 5 a 11 anos na campanha de vacinação contra a Covid, com a indicação de duas vacinas: a da empresa Pfizer e a da produzida pelo Butantan, a Coronavac. Sobre essa última, a aprovação considerava crianças a partir dos seis anos. Desde o início da vacinação, mais de 103 milhões de doses da Coronavac foram aplicadas no país. As reações graves após a imunização foram consideradas raras e raríssimas. Esses efeitos adversos são esperados e foram os mesmos de outras vacinas, como dor no local, um pouco de mal-estar e febre baixa.

Estudos demostram que as vacinas, além de proteger contra a gravidade da doença, ainda previnem o desenvolvimento de Covid longa. Vacinar nossas crianças é, portanto, um ato de amor, de cuidado, de preservação de um futuro mais saudável. Quem ama cuida, quem ama vacina!

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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