O acesso a métodos contraceptivos seguros e eficazes é uma das conquistas mais importantes para a saúde reprodutiva das mulheres e de toda a sociedade. Entre as opções modernas disponíveis, o implante contraceptivo subdérmico tem ganhado destaque por sua eficácia, praticidade e papel fundamental no fortalecimento do planejamento familiar.
Esse implante, inserido sob a pele do braço da mulher, libera continuamente uma dose baixa do hormônio etonogestrel, um tipo de progestagênio que atua inibindo a ovulação e, por consequência, dificultando a gravidez.
Sua ação contraceptiva pode durar até três anos, período durante o qual a mulher não precisa se preocupar com o uso diário ou mensal de outros métodos para o planejamento do melhor momento de engravidar.
Os benefícios são múltiplos: além da alta eficácia contraceptiva — comparável à laqueadura, mas com a vantagem de ser reversível — o método reduz falhas por esquecimento, já que, diferentemente da pílula (que exige ingestão diária) ou de injeções mensais, o implante funciona de forma contínua, eliminando o risco de falhas por uso incorreto. Estudos também demonstram que ele pode aliviar sintomas como cólicas menstruais intensas, sangramentos abundantes e tensão pré-menstrual (TPM).
A grande notícia da semana é que o Implanon, nome comercial do implante, chegou ao SUS e será ofertado gratuitamente. Anteriormente, estava disponível apenas no setor privado, com custo em torno de três mil reais — valor impeditivo para a maioria das famílias brasileiras.
Outro benefício é a maior segurança para mulheres com restrições ao estrogênio. Por conter apenas progestagênio, o Implanon é uma alternativa segura para quem não pode utilizar métodos combinados (com estrogênio), como em casos de enxaqueca com aura, hipertensão ou trombofilia.
Importante lembrar que, após a retirada do implante, a fertilidade costuma retornar em poucas semanas, permitindo que a mulher engravide normalmente, caso deseje.
O método também tem se mostrado especialmente eficaz para mulheres em situações de vulnerabilidade social, adolescentes ou aquelas com dificuldade de acesso frequente ao sistema de saúde, já que é de baixa manutenção e longa duração.
Em 2023, cerca de 350 mil partos no Brasil foram de meninas e adolescentes menores de 19 anos, o que representou aproximadamente 18% de todos os partos realizados — um dado preocupante.
Embora o Implanon traga muitos benefícios, nem todas as mulheres são candidatas ideais ao método. Por isso, é fundamental realizar avaliação com um profissional de saúde nas unidades básicas antes da utilização.
O Implanon é uma tecnologia contraceptiva segura, eficaz e que contribui significativamente para o empoderamento feminino, ao permitir que mais mulheres tenham controle sobre seu corpo e seu futuro reprodutivo. Em um país onde os dados de 2023 mostram que mais da metade das gestações não são planejadas, isso não é trivial. Trata-se de uma medida com potencial de impactar a realidade de muitas famílias, auxiliando no melhor planejamento familiar.
Outro ponto importante é que métodos de barreira, como os preservativos, têm também a função de prevenir infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Portanto, o implante não substitui esse método para essa finalidade.
Por fim, integrar o Implanon com outros métodos nas políticas públicas de saúde é um passo fundamental para garantir direitos, prevenir gestações não planejadas e fortalecer o planejamento familiar no Brasil.
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.
