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Do ES a Milão: capixaba é uma das representantes do Brasil no maior evento mundial de design

Com peças que exploram a brasilidade, a designer Natalia Scarpati conta como suas origens refletem diretamente em seu processo criativo e como é levar seu trabalho para o outro lado do oceano

Vitória
Publicado em 17/04/2025 às 15h25
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A capixaba Natalia Scarpati com a luminária Pingo, uma de suas peças expostas na Semana de Design de Milão. Crédito: Haguilar Ferreira

Ancestralidade, biodiversidade, inovação e responsabilidade. São essas as palavras que a designer capixaba Natalia Scarpati usa para descrever os elementos que diferenciam o design brasileiro do resto do mundo e que o fazem o país se destacar, inclusive, internacionalmente. 

Isso porque na Semana do Design de Milão, um dos mais importantes eventos deste segmento, o Brasil se destacou com a mostra "Chuva de Caju", organizada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). O evento, composto pelas exposições no iSaloni - Salão do Móvel de Milão (Salone del Mobile.Milano), o maior do setor moveleiro do mundo; e o FuoriSalone, focado em projetos de arte e cultura; teve 90 marcas participantes da delegação brasileira.

Dessas, 57 empresas foram escolhidas para participar do FuoriSalone dentre as mais de mil inscrições de todo país, sendo 30 lideradas por mulheres. Entre elas, está Natalia, que também é a única brasileira a participar de forma individual no SaloneSatellite, a principal vitrine global para jovens designers.

"Enquanto mulher capixaba, carrego comigo uma trajetória que não passa por grandes centros e mesmo assim encontra espaço e escuta em um dos palcos mais relevantes do design mundial", conta. 

Luminária Narciso e Luminária Pingo
Luminária Narciso e Luminária Pingo. Crédito: Divulgação / Natalia Scarpati

Como destaque, a designer expôs a luminária Pingo e a luminária Narciso, objetos aparentemente simples, mas carregados de sentidos. A Pingo, produzida 100% no Espírito Santo, une quartzito reaproveitado com tecido natural e, segundo sua autora, traduz em forma a persistência da natureza e o fazer artesanal.

“Pingo não ilumina apenas espaços, mas também consciências, mostrando que a sustentabilidade é uma jornada contínua – lenta como a água, mas irresistível como seu poder de esculpir a pedra”, diz Natalia, que define seu trabalho também como um ponto de encontro entre práticas manuais, processos industriais e escolhas sustentáveis.

Em um mundo que as informações chegam cada vez mais rápido e as tendências vão e vêm com velocidade, Natalia percebeu, durante o evento, que já não são as fórmulas prontas que se destacam, mas um desejo coletivo por autenticidade. “As peças que mais se destacam não são as mais tecnológicas ou as mais complexas, mas as que têm verdade. Há uma atenção crescente à origem dos materiais e à narrativa por trás de cada objeto”, afirma.

chuva de caju
Exposição Chuva de Caju trouxe a brasilidade para Milão. Crédito: Divulgação/Apex Brasil

E, para ela, é justamente aí que o Brasil brilha: por conseguir emocionar com formas simples e cheias de significado. "Os trabalhos apresentados por brasileiros estavam diversos e maduros. É bonito ver como conseguimos dialogar com o mundo sem perder a nossa voz", comenta a profissional que, desde 2019, pesquisa e trabalha com o uso de rochas naturais em diferentes contextos, como os quartzitos e também resíduos industriais. 

"Este ano, uma das tendências mais fortes que percebi foi a busca por novos materiais. Havia projetos incríveis desenvolvidos a partir de celulose, cogumelos, resíduos orgânicos — uma pesquisa intensa e diversa, muito ligada às realidades e culturas de cada país", complementa

Confira, a seguir, mais trabalhos de brasileiros que participaram da Semana do Design de Milão - e se inspire: 

Aparador Bia

Aparador Bia, por Felipe Zorzeto
Aparador Bia, por Felipe Zorzeto. Crédito: Isadora Costa

O designer e arquiteto paulista Felipe Zorzetto trouxe o Aparador Bia, que traz gavetas suspensas, separadas da base, sob uma estrutura de linhas retas. O tampo da peça pode ser produzido tanto em madeira quanto em pedra natural e refletem traços do modernismo brasileiro adaptado para o estilo de vida contemporâneo.

Revestimento Olária Índigo

Rvestimento
Revestimento Olaria Índigo, da Lepri Revestimentos Naturais. Crédito: Divulgação/Lepri Revestimentos Naturais

A coleção Olaria Índigo da Lepri Revestimentos Naturais levou um revestimento que utiliza resíduos de jeans em sua composição, o que contribui para minimizar os danos causados pelo descarte têxtil. As peças têm pequenas dimensões (7x7 cm) e são teladas, podendo ser aplicadas em diferentes superfícies, como paredes curvas e detalhes arquitetônicos.

Poltrona Ouriço e Mesa de Centro Bloco

Poltrona Ouriço, da Areka'a
Poltrona Ouriço, da Areka'a. Crédito: Divulgação/Areka'a

A Areka’a, marca de design sustentável, trouxe duas peças. A Poltrona Ouriço, inspirada nos rios Juruena e Tapajós, possui design que reflete o movimento das águas e base escultural inspirada no ouriço de castanha-do-pará, que é o fruto do castanheiro.  

Mesa de Centro Bloco, da Areka'a
Mesa de Centro Bloco, da Areka'a. Crédito: Divulgação/Areka'a

Já a Mesa de Centro Bloco, feita a partir de madeira resgatada da Amazônia, é inspirada nos chamados "blocos que marcaram gerações", dos brinquedos de madeira colorida até aos que fazem parte dos jogos digitais pixelados. 

Poltrona Ícaro

Rosângela Guimarães e sua Poltrona Ícaro
Rosângela Guimarães e sua Poltrona Ícaro. Crédito: Thalles Cabral

A designer e arquiteta Rosangela Gusmão Guimarães,  sócia-proprietária da Perfini, indústria de móveis em madeira proveniente de manejo florestal sustentável, levou à exposição a Poltrona Ícaro, feita de madeira reaproveitada e feita visando o mínimo desperdício.

Coleção de cerâmica "Costa dos Corais"

Cerâmicas da coleção
Cerâmicas da coleção "Costa dos Corais", por Aline Angeli. Crédito: Daniela Luquini

A ceramista Aline Angeli levou ao FuoriSalone sua coleção Costa dos Corais, composta por esculturas inspiradas em espécies marinhas, como Gaiúba, Cioba e Paru, encontradas na Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, no litoral de Alagoas. As peças traduzem sua interpretação lúdica desse ecossistema ameaçado pelas mudanças climáticas. "Representar algumas de suas espécies – ainda que numa interpretação lúdica – é uma forma de chamar a atenção para esse universo mágico ameaçado", afirma Aline.

Mais peças expostas na "Chuva de Caju"

Poltrona Pescador, de Lucas Caramês
Poltrona Pescador, de Lucas Caramês. Divulgação/ApexBrasil
chaise Oásis
Chaise Oásis, Da Lovato Móveis. Divulgação/ApexBrasil
Coleção de vasos Lava, de Sofia Venetucci
Coleção de vasos Lava, de Sofia Venetucci. Divulgação/ApexBrasil
Poltrona Pau-Brasil, de Beth Hargreaves
Poltrona Pau-Brasil, de Beth Hargreaves. Divulgação/ApexBrasil
Tapete Jaci, de Sergio Matos com by Kamy
Tapete Jaci, de Sergio Matos com by Kamy. Divulgação/ApexBrasil
 Banco Guêra, de Guá Arquitetura
Banco Guêra, de Guá Arquitetura. Divulgação/ApexBrasil
Pratos Mula sem cabeça, de Bia Rezende
Pratos Mula sem cabeça, de Bia Rezende. Divulgação/ApexBrasil
 Banco Guêra, de Guá Arquitetura
Banco Guêra, de Guá Arquitetura. Divulgação/ApexBrasil
 Banco Guêra, de Guá Arquitetura
 Banco Guêra, de Guá Arquitetura
 Banco Guêra, de Guá Arquitetura
 Banco Guêra, de Guá Arquitetura
 Banco Guêra, de Guá Arquitetura
 Banco Guêra, de Guá Arquitetura
 Banco Guêra, de Guá Arquitetura
 Banco Guêra, de Guá Arquitetura

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