É psicóloga, psicanalista, entusiasta da maternidade, paternidade e mestre em Saúde Coletiva. Escreve sobre os bebês, as emoções, os comportamentos, os conflitos e dilemas contemporâneos do tornar-se família

Veja 3 ações para auxiliar as crianças em idade escolar na pandemia

Elas não têm mais a escola em todos os seus aspectos, não apenas quanto aos cognitivos, e também a ausência dos relacionais, ou seja, lugar de encontrar outras crianças, outros adultos, de poder transitar em outras esferas que não o lar.

Publicado em 03/05/2021 às 13h59
Criança triste estudando
Você auxilia, apoia e questiona a equipe pedagógica quanto à direção do ensino de seus filhos?. Crédito: Freepik

Franciane pergunta: “Olá, eu tenho uma sobrinha de 7 anos. Ela está matriculada na escola pública, e há mais de um ano sinto como se estivesse abandonada, quanto às questões escolares. O que podemos fazer para auxiliá-la, pois ela devia estar sendo alfabetizada?"

Sim, estamos tendo e teremos consequências terríveis nos próximos anos com relação à aquisição de habilidades escolares das crianças e infelizmente os estudantes das rede pública de ensino são sem dúvida os mais impactados.

Se você chegou aqui por agora e está assustada com a minha afirmação, eu te sugiro que não fique paralisada, mas que coloque-se ao trabalho. Isso mesmo, nos últimos meses estamos passivas demais enquanto as crianças sofrem.

Sofrem, pois não têm mais a escola em todos os seus aspectos, não apenas quanto aos cognitivos, e também a ausência dos relacionais, ou seja, lugar de encontrar outras crianças, outros adultos, de poder transitar em outras esferas que não o lar.

Se pensarmos bem, para as crianças mais pobres, os lares devem estar passando por muitas dificuldades, pais e mães perderam seus empregos e suas rendas, quando não parentes, ou seja, esse acumulado de perdas mina as esperanças quanto ao futuro.

Eu vou sugerir 3 ações que todas as pessoas com crianças em idade escolar podem e devem fazer para auxiliá-las nesse cotidiano repleto de restrições.

A primeira diz respeito ao âmbito familiar. Sim, todos da família são responsáveis e devem dedicar uma fatia do tempo às crianças. Conheci famílias muito humildes, quando eu trabalhava nos SUS. Pais e mães que não sabiam ler nem escrever, mas que destinavam parte de seu tempo para compartilhar experiências com as crianças.

Nessa idade de 7 anos a criança é ávida por histórias, e todo ser humano possui uma coleção delas. Manter a chama da curiosidade acesa é um modo de manter a saúde emocional das crianças. Leia para sua sobrinha, ela está em idade de se interessar pelas palavras.

Ler não é somente repetir o texto impresso no papel, mas também brincar com as palavras, seus sons, seus significados.

O segundo aspecto é o comunitário. As crianças são de responsabilidade da comunidade. E entende-se comunidade como igreja, representação de bairro, políticos. Você tem perguntado ao seu representante, o pastor, o líder comunitário, e o vereador, prefeito, deputados, governador quais ações eles estão aprimorando para acolher e cuidar das crianças na pandemia?

Isso mesmo, os representantes eleitos pelo povo têm a função de garantir que cumpram-se as normativas da legislação vigente para o bem-estar das crianças.

O terceiro e último ponto é a escola. Você frequenta a escola do seu filho? Você participa das tomadas de decisão? Você auxilia, apoia e questiona a equipe pedagógica quanto à direção do ensino de seus filhos?

Você percebe que os 3 pilares são sustentados pela política, pelos representantes que fazem cumprir as leis, mas a peça fundamental é você e a importância que a infância da criança da sua família tem para o futuro?

Mas um psicólogo devia dar dicas e direcionamentos para a efetiva resolução desse problema, muitas pessoas falarão. A resposta é não.

O profissional de psicologia deve estar atento aos mais variados aspectos que cercam os adoecimentos psíquicos que infelizmente têm ceifado as infâncias de muitas crianças.

No momento a minha convocação é para os adultos, todos nós somos os responsáveis por garantir que absolturamente todas as nossas crianças tenham acessos ampliados aos seus direitos, não apenas na educação, mas na saúde, no lazer, na vida em família, na polícia e na comunidade.

Cabe aos adultos trazer as crianças e a infância para a cena da coletividade. Portanto, como mãe, tia e profissional que atende crianças digo: boca no trombone para garantirmos os direitos das crianças, e, com isso, direito ao futuro que elas merecem.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta

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