Análises semanais do setor da construção civil, engenharia, arquitetura e decoração, com especialistas do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-ES), Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-ES), e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-ES).

Aumenta a velocidade de vendas do Minha Casa Minha Vida no ES

O movimento é visto como positivo para a saúde financeira das incorporadoras que atuam no segmento; por outro lado, também pode ser enxergado sob a ótica da baixa oferta

Vitória
Publicado em 19/06/2025 às 01h58
Residencial Mata do Cacau é entregue em Linhares a beneficiários do Minha Casa, Minha Vida
Residencial Mata do Cacau é entregue em Linhares a beneficiários do Minha Casa, Minha Vida. Crédito: Fernando Madeira

Pesquisa do 1º trimestre de 2025, realizada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-ES) com 20 incorporadoras de imóveis residenciais da Grande Vitória, que representam mais de 70% do mercado, apresenta resultado de alto aquecimento no mercado de apartamentos do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV).

Com VSO (venda sobre oferta) superior a 15% ao mês, a pesquisa aponta que toda a oferta em produção nesse segmento acabará em até sete meses, se não houver novos lançamentos.

Essa é a maior média mensal histórica apurada em um trimestre desde o início do programa, cuja elevação da velocidade de vendas vem ocorrendo desde 2022 e já estava em patamares elevados em 2024.

O destaque na Grande Vitória foi ainda maior em Vila Velha, com média mensal de quase 18%, inferindo-se que a oferta no município dura apenas cinco meses (se não houver novos lançamentos).

Por outro lado, o mercado de médio e alto padrão diminui seu aquecimento, tanto em Vila Velha como Vitória, retomando a patamares pré-pandemia, próximo dos 6% (17 meses para consumo da oferta). Vale lembrar que o mercado tem maior competitividade (incorporadoras em atuação) nesse segmento, com aproximadamente 40 empresas em atuação.

Sobre o aquecimento do mercado imobiliário MCMV, há dois pontos de vista. Sem dúvidas o aquecimento é positivo para a saúde financeira das incorporadoras que atuam no segmento, proporcionando que haja continuidade de produção imobiliária para a classe C, lembrando que a Faixa 4 do PMCMV, voltada para a classe B, somente foi anunciada em abril, portanto não compõe os resultados da pesquisa. É positivo, sob ótica socioeconômica, que a classe C esteja em condições de comprar imóveis e melhorar sua qualidade de vida.

Por outro lado, o alto aquecimento do MCMV também pode ser visto sob outra ótica: à baixa oferta. A falta de oferta de moradia nas classes de renda mais baixas, está ligada principalmente a dois fatores:

- O baixo investimento público em moradia (no orçamento de 2025, o governo federal investirá R$ 18 bilhões, parcela ínfima em comparação ao orçamento da Saúde, com R$ 245 bilhões e Educação, com R$ 226 bilhões, sendo que os três são direitos constitucionais). Isso apenas em esfera federal. Em esfera estadual e municipal, sabemos que os descompassos são ainda maiores entre os orçamentos para esses três direitos constitucionais.

- A dificuldade de novos entrantes, de concorrência, de ser empreendedor incorporador no Brasil, passando pelas altas complexidades de licenciamentos e, pior, inclusive duplicidade de “licenciamentos” devido a duplicidade de banco de dados imobiliário, “privilégio” brasileiro, na prefeitura e cartórios de RGI.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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