Análises semanais do setor da construção civil, engenharia, arquitetura e decoração, com especialistas do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-ES), Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-ES), e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-ES).

A verticalização das edificações nas cidades é um problema para a mobilidade urbana?

A verticalização das cidades pode representar uma preocupação no que tange à mobilidade urbana; no entanto, uma análise mais aprofundada leva a uma conclusão oposta

Vitória
Publicado em 17/04/2025 às 13h30
Atualizado em 17/04/2025 às 13h30
Prédios na Orla de Itaparica
Prédios em taparica representam a tendência de verticalização das cidades. Crédito: Fernando Madeira

O aumento populacional nas grandes cidades brasileiras tem sido significativo ao longo das últimas décadas. Segundo o IBGE, entre 2010 e 2022 o crescimento populacional foi absorvido principalmente pela verticalização urbana, representando cerca de 74% do aumento, enquanto os outros 26% foram acomodados pela expansão horizontal.

A verticalização das cidades pode representar, para algumas pessoas, uma preocupação no que tange à mobilidade urbana. No entanto, uma análise mais aprofundada nos leva a uma conclusão oposta.

O primeiro ponto a ser colocado é: as famílias moram em determinadas cidades ou bairros pela atratividade que essas regiões possuem, e não porque lá estão ofertados prédios de apartamentos. A oferta de prédios de apartamentos é consequência da atratividade da região: quanto mais atrativa é a área maior é a tendência de oferta de prédios de apartamentos. O empreendedor oferta apartamentos onde existem famílias interessadas em morar. Se não há famílias demandando moradias, o empreendedor não oferta imóveis.

O segundo ponto que merece atenção é que a verticalização permite melhorar os principais serviços que as cidades precisam oferecer: o fornecimento de água e energia ficam mais econômicos; a construção das redes de tratamento de esgoto fica mais simples e barata, assim como o recolhimento de lixo.

Mas o maior benefício da verticalização mora justamente na mobilidade urbana, pois a verticalização das edificações multifamiliares reduz os deslocamentos dos habitantes da cidade. Os prédios de apartamentos que possuem embasamento de uso comercial ou de serviços amplificam ainda mais este benefício.

Adicionalmente aos benefícios citados, o adensamento das cidades torna o transporte coletivo, que é a melhor solução de mobilidade urbana, mais viável, e o aumento da arrecadação municipal decorrente da construção dos edifícios permite que as prefeituras façam investimentos em equipamentos públicos, como praças, escolas e postos de saúde, beneficiando toda a sociedade.

Nos próximos três anos, Vitória e Vila Velha passarão por revisão do Plano Diretor Municipal (PDM), momento adequado para colocar a discussão sobre o incremento do adensamento nestas duas cidades, para que elas possam crescer com planejamento e qualidade.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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