Aquiles Reis é músico e vocalista do MPB4. Nascido em Niterói, em 1948, viu a música correr em suas veias em 1965, quando o grupo se profissionalizou. Há quinze anos Aquiles passou a escrever sobre música em jornais. Neste mesmo período, lançou o livro "O Gogó de Aquiles" (Editora A Girafa)

Fred Martins mostra que é um músico do mundo em "Ultramarino"

Com naturalidade, Martins dá ênfase contemporânea ao canto em novo disco

Publicado em 01/06/2021 às 14h27
O músico Fred Martins
O músico Fred Martins. Crédito: Alfredo Marques / Divulgação

Lembro-me bem de quando o compositor, violonista, arranjador e cantor carioca Fred Martins mudou-se do Rio de Janeiro para a região espanhola da Galícia. Passados cinco anos dessa migração, mesclando sentimentos e musicalidades, ele lançou um CD gravado em Portugal, com produção musical do pianista e arranjador açoriano Paulo Borges.

Agora Fred Martins traz a sonoridade que sempre lhe disse muito à alma: a bossa nova. Martins é um grande compositor, e também um ótimo cantor. A respiração saúda a nota que virá na próxima sílaba; sua afinação é digna de um cantor que mescla afinação com divisões rítmicas absolutamente naturais... como se fosse fácil.

Com naturalidade, Martins dá ênfase contemporânea ao canto. Ouso dizer que, assim como o norte-americano Bob Dylan, Fred Martins é um bardo merecedor de reconhecimento popular. Violões e cantares revelam o que mais têm: sinceridade e carisma para criar e expor a vida através da música.

Em "Ultramarino", seu mais recente trabalho, tudo começa com “Semente” (Fred Martins/Marcelo Diniz), quando o cello e o violão tocam a intro. Sons inquietos vem dos dois. A canção é linda: Fred Martins (voz e violão), Glenn Patscha (teclados) e Lui Coimbra (violoncelo) sobem o sarrafo, fazendo jus à medalha de ouro.

Onde também está o cello, somado às cordas do violão de Martins, sente-se que a soma das sonoridade desses instrumentos são ponto de referência nos arranjos. Suas cordas emolduram as melodias com harmonias e desenhos, ora melodiosos, ora intensos, gerando imediata empatia.

Em “Refém” (Fred Martins/Marcelo Diniz) - Fred Martins (voz e violão), Lui Coimbra (violoncelo), (olha eles aí de novo), Glenn Patscha (teclados), Walter Areia (contrabaixo) e Chris Wells (percussão) -, O arranjo é digno de uma música intensa, a quem cabe reverências mil.

Em “Fado Crioulo” (FM/Alexandre Lemos), com participação de Glenn Patscha (teclados), Rolando Semedo (baixo) e Chris Wells (percussão), Fred Martins dá um show. Na sequência vem “Colibri” (FM/Marcelo Diniz), com trabalho de Fred Martins (violão, voz e assovio), Glenn Patscha (teclados) e Chris Wells (percussão), música em que a suavidade reina.

Em “Blues da Madrugada” (FM/Ana Terra), o canto é distinguido com a presença de FM (violão e voz ).

“Estranha Flor” (FM/Alexandre Lemos) é um belo trabalho, enquanto “Poema Velho” (FM/Manoel Gomes) é simples, mas o canto solitário de Martins irradia encanto. “Doceamargo” (FM/Marcelo Diniz) traz novamente os trabalhos de FM (violão e voz), Marcio Dhiniz (bateria) e Jaques Morelenbaum (cello), fechando a tampa com as cordas de um instrumento que se dá a todo e qualquer arranjo.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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