Aquiles Reis é músico e vocalista do MPB4. Nascido em Niterói, em 1948, viu a música correr em suas veias em 1965, quando o grupo se profissionalizou. Há quinze anos Aquiles passou a escrever sobre música em jornais. Neste mesmo período, lançou o livro "O Gogó de Aquiles" (Editora A Girafa)

Delia Fischer apresenta o álbum íntimo "Hoje"

Disponível nas plataformas de streaming, disco mostra que piano está para a voz de Delia assim como sua voz está para o mundo.

Publicado em 25/05/2021 às 15h35
A cantora, produtora e musicista Delia Fischer
A cantora, produtora e musicista Delia Fischer. Crédito: Divulgação

A cantora, compositora e pianista Delia Fischer lança “Hoje” (Labilad), seu novo álbum, nas plataformas de streaming. Exuberante, o piano está para a voz de Delia assim como sua voz está para o mundo.

A tampa abre com “Tempo de Amar” (Delia Fischer, Ronaldo Bastos e Carlos Drummond de Andrade): a intro tem vocalises e o piano, que se ajuntam e vão ao intermezzo. A interpretação impregna o som de energia.

Em “Meu Mundo e Nada Mais” (Guilherme Arantes), o piano abre uma sonoridade repleta de exatidão. Seu intermezzo é lindo! Para torná-lo ainda mais rico, Delia canta em duo com Matias Correa, ele que, além de coprodutor do CD, é contrabaixista e cantor.

“Hoje” (Taiguara) apresenta um piano loquaz. Delicado, aponta seu prumo para esta que é uma das músicas mais belas de Taiguara. Arrebatador, o registro da voz de Delia atinge tal apogeu que é difícil imaginá-lo ainda mais bonito.

Em “A Página do Relâmpago Elétrico” (Beto Guedes e Ronaldo Bastos), plena de literalidades, Delia traz na ponta da língua os versos de Ronaldo. A melodia de Beto faz jus ao seu talento – enquanto o piano é fundamental na entrega que ele e Delia dão ao arranjo.

Jóga (Björk): mesmo sem conhecer a música de Björk, sinto a voz de Delia ainda mais contundente. A delicadeza se presta ao duo de voz e piano – coisa de arrepiar. A voz de Delia é a fiel tradutora de uma música ouvida em verso e prosa.

“Nascente” (Flávio Venturini e Murilo Antunes) tem nova participação de Matias Correa. O toque do piano apresenta o que até aqui já se podia intuir: cada intro é bela como uma música em busca de versos. Na volta à primeira parte, mais uma vez, surge o duo de Delia com Matias: abertas em terças, as vozes tornam-se as verdadeiras responsáveis pela lindeza da canção. Meu Deus do céu!

“O Amor É o Meu País" (Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza) traz o piano de Delia semelhante ao registro do piano de Ivan Lins à época. A música dos parceiros, na voz de Delia, é exemplo de composição criada pelos, então, jovens compositores.

Em “In My Life” (Lennon e McCartney), Delia mais uma vez agrega sua voz à de Matias Correa. Juntos, apresentam uma versão absolutamente distinta de tantas outras concebidas e já gravadas pelos Beatles, mundo afora. O piano acompanha Delia (ou seria ao contrário?), dando à música ainda mais profundidade.

Para finalizar (ou seria reiniciar?), “Blues de Acabar” (Delia Fischer e Marcio Moreira). Para tanto, Delia convidou Ney Matogrosso para com ele reaver a simbologia de início e fim de qualquer sentimento. Parceria visceral na qual os dois trazem ao proscênio a beleza explícita de um amor que nasce e morre.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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