Aquiles Reis é músico e vocalista do MPB4. Nascido em Niterói, em 1948, viu a música correr em suas veias em 1965, quando o grupo se profissionalizou. Há quinze anos Aquiles passou a escrever sobre música em jornais. Neste mesmo período, lançou o livro "O Gogó de Aquiles" (Editora A Girafa)

Antonio Adolfo mergulha no trabalho de Tom em "Jobim Forever"

A genialidade do músico está presente em cada uma das nove composições de Tom Jobim, que compõem o álbum

Publicado em 28/09/2021 às 14h08
O músico Antonio Adolfo
O músico Antonio Adolfo. Crédito: Grammy/Site oficial

É com uma alegria robusta (hoje em dia é legal usar este adjetivo) que tratarei de "Jobim Forever" (AAM – CD digital), o novo álbum do compositor, arranjador e pianista Antonio Adolfo. Impregnado das genialidades de Jobim, ele selecionou nove músicas – repertório digno de ouvidos abertos à excelência.

Antonio Adolfo diz: “(...) A música de Antonio Carlos Jobim é uma fonte de belezas indescritíveis. (...) Os arranjos foram criados com variações melódicas e mudança de métrica, como costumo fazer quando abordo composições de outros compositores”. E prossegue: “(...) Quando faço arranjos, toco a música várias vezes até absorvê-la e senti-la como se eu fosse um parceiro do autor. (...) Deixo minha interpretação emergir e então posso criar diferentes harmonias, métricas, fraseados e formas, que adapto aos instrumentistas para os quais concebo os arranjos (...)”.

Vamos ao "Jobim Forever". Abrir a tampa com “Garota de Ipanema” (Jobim e Vinícius de Moraes) tem um quê de desafio: após dezenas de gravações de brasileiros e estrangeiros, inclusive a seminal de Jobim, Antonio Adolfo rasga o véu da música, vestindo-a para chamar a atenção para o poder de ser bela de qualquer forma.

“A Felicidade” (Jobim e Vinícius) começa com a voz brilhante e afinada de Zé Renato cantando à capella. Compassos depois, amparado pela cozinha, o piano vem com a melodia. Num improviso jazzístico e inspirado, o trompete firme. O piano assume o protagonismo tocando a melodia. O naipe de sopros vem com o sax e com o destaque do flugelhorn.

“Favela (O Morro Não Tem Vez)” (Jobim e Vinícius) vem com o piano fraseando. Rola a melodia. A batera segura a onda. O flugel improvisa. O arranjo vem com uma métrica especial. O trompete improvisa. O coro come. O piano marca os compassos com acordes em bloco. O final se aproxima. O tamborim suinga no samba.

Eis aí o mapa da mina para decifrar o trabalho de Antonio Adolfo. Sua genialidade está presente em cada composição de Tom Jobim – dá até para pressentir que as mãos de Tom Jobim estão enredadas às de Antonio Adolfo.

Engrandecidas pelos instrumentistas que as interpretam, as músicas de Antonio Carlos Jobim estão presentes de corpo e alma, condecoradas que foram por Antonio Adolfo e por instrumentistas da mais alta qualidade.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.