Aquiles Reis é músico e vocalista do MPB4. Nascido em Niterói, em 1948, viu a música correr em suas veias em 1965, quando o grupo se profissionalizou. Há quinze anos Aquiles passou a escrever sobre música em jornais. Neste mesmo período, lançou o livro "O Gogó de Aquiles" (Editora A Girafa)

"A Flor e o Tempo" mostra que Fran Nóbrega está pronta para desabrochar

Disco de estreia da paulista mostra que ela está pronta para ser uma cantora que florescerá em meio à música brasileira

Publicado em 13/04/2021 às 13h15
Atualizado em 13/04/2021 às 13h15
A cantora Fran Nóbrega
A cantora Fran Nóbrega. Crédito: Instagram/@fran_nobregamusica

Tenho aqui comigo um CD que buliu com os meus sentimentos: "A Flor e o Tempo" (lançamento do novo selo Umbilical), trabalho de estreia da cantora Fran Nóbrega. A danada canta como se tivesse um sorriso afinado nos lábios.

Com voz volumosa e vibrante, ela abre o álbum com “Cai Dentro” (Baden Powell e Paulo César Pinheiro). O arranjo é o máximo. O naipe de metais arrasa. Com o samba em ritmo acelerado, entre alguns vocalises, Fran canta os versos com dicção cirúrgica.

Sua voz visceral, em meio a versos desabusados, ágeis, lembram Elis Regina. Ao mesmo tempo que a parecença me alegrou, temi: o repertório será todo à moda de Elis?

A seguir, “Entrega” (Alexandre Nóbrega). Foi a vez de um sorriso colar em mim – meu temor se mostrou infundado: Fran demonstrava ali ter bagagem suficiente para semear seu canto com o registro vocal que melhor aprouver à música. Assim como no intermezzo de “Cai Dentro”, outro improviso realça o fascínio de “Entrega”.

“Dois Tempos” (Khrystal Saraiva) traz a sanfona em duo com o violão. A intro chama e Fran não se faz de rogada, vai. Sua voz, amalgamada com a melodia, vem na hora em que a sanfona resfolega na pisada. Com levada arrebatadora, um intermezzo bem construído aviva a agudeza da música de Khrystal.

“Neste Mesmo Lugar” (Klecius Caldas e Armando Cavalcanti) vem para mais uma vez comprovar a diversidade de recursos da voz de Fran Nóbrega. Sua extensão vocal permite ir às notas com rigor. O improviso do baixo fretless é belo. A guitarra e o piano pegam a música pela mão e levam-na ao final. A interpretação do sucesso clássico é prova inconteste de que Fran está pronta para ser uma cantora que florescerá em meio à música brasileira – o que fará com que cresça.

Aos que creem que sem música não há vida, e aos que se atiram de peito aberto em busca de ser profissional desse ofício, rendo minhas homenagens. Ah, meu Deus, como eu gostaria que, assim como eu ouvi a Fran Nóbrega, ela fosse ouvida por mil e tantas gentes... e assim a música preenchesse toda a sua vida.

Assim, ó: eu nunca duvidei que, para ter êxito, qualquer intérprete que tenha o jeitão de ter vindo para ficar precise ter como retaguarda um grupo profissional e virtuoso. E é essa galera que compõe a ficha técnica dos discos. Ei-la:

  • Voz: Fran Nóbrega
  • Teclados: Salomão Soares
  • Sanfona: Mestrinho
  • Guitarra: Danilo Silva
  • Contrabaixo elétrico, fretless e violão: Michael Pipoquinha
  • Bateria: Ítalo Vinicius e Jonatan Carvalho Goes
  • Trompete: Rubinho Antunes
  • Trombone: Paulo Malheiros
  • Saxofone alto: Ivan de Andrade
  • Saxofones tenor e barítono: Diego Lisboa
  • Direção musical e arranjos: Michael Pipoquinha
  • Arranjos de sopros e captação dos sopros: Ivan de Andrade
  • Captação, mixagem e masterização: Magí Batalla (Estúdio U)
  • Assistência de mixagem: Fernando Sobreira
  • Fotografias: Luan Cardoso, João Cayres e Luísa Manzin
  • Design: Lucas Blat
  • Assessoria de imprensa: Débora Venturini
  • Coordenação Geral: Luísa Manzin (2018), Cleanto Neto e Magí Batalla

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