“A política fiscal, o gasto público, é um problema real, que impacta todo o resto da economia, como inflação e juros. A política, os políticos, precisam ser pressionados, precisam ser forçados pela sociedade a entender o problema e a enfrentar o excesso de gastos públicos no Brasil”, disse, neste sábado (18), o economista Samuel Pessôa, pesquisador do BTG Pactual e do FGV IBRE, que participou de um painel sobre os rumos do país, ao lado do ex-governador Paulo Hartung, no Pedra Azul Summit, organizado pela Rede Gazeta.
Na visão dos dois, o Brasil, muito por causa do populismo (de direita e de esquerda), está trilhando um caminho perigoso. “A política econômica está falhando no Brasil. Não temos poupança interna no Brasil, o endividamento está lá em cima, isso com juros de 15% ao ano, mais de 10% de juro real (tirando a inflação). Trajetória explosiva”, enumerou Hartung.
Pelas contas de Samuel Pessôa, o atual governo Lula vai entregar, ao final de 2026, um aumento de 11 pontos percentuais da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB): de 72%, de 2022, para 83% no ano que vem. Herança muito pesada, a trajetória da dívida precisa ser ajustada.
“A herança é maldita. O próximo presidente terá de fazer um ajuste em 2027, e ele, se puder dar um conselho, precisa ser feito no começo do mandato, quando o capital político está lá em cima. Temos uma boa proposta de reforma administrativa no Congresso e precisamos fazer as leis existentes funcionarem. O RH do Estado precisa ser ajudado, o custo disso é elevado para toda a sociedade”, ponderou o ex-governador.
Pessôa enxerga semelhanças entre o momento atual e o que precedeu a crise de 2015 e 2016, período em que o PIB brasileiro encolheu mais de 7%, o pior resultado da história econômica do país. “Vejo alguns paralelos, muito embora considere o momento atual melhor. A desorganização econômica é menos intensa e o país viveu momentos importantes de reformas, micro e macro, entre 2015 e 2021. Vejo um 2027 complicado, as despesas estão elevadas, carregaram muito a dívida, mas não com uma crise como a que vimos em 2015. Mas é um problema que precisamos enfrentar e os políticos precisam entender isso”, avisou o economista.
E a política vai entregar? Como? “Eu torço e trabalho por uma renovação no comando do país. Vejo uma troca de comando como melhor cenário. Temos um ajuste duro a ser feito, que dialogará com a impopularidade, isso não será feito com populismo. Enfrentar o populismo é algo complicado, temos de ter ciência disso. E (o populismo) não começou nesse governo, importante deixar isso muito claro. A preço de hoje, muito por causa dos movimentos do Trump e da família Bolsonaro, a renovação está tomando bola nas costas. É preciso trabalhar, tem jogo a ser jogado”, analisou Paulo Hartung.
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