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Impacto do tarifaço de Trump não chega nem a 3% do Custo Brasil

Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que a ineficiência brasileira, nas mais diversas áreas, custa R$ 1,7 trilhão por ano. Isso dá algo perto de 20% do PIB brasileiro

Vitória
Publicado em 22/09/2025 às 03h00
Fábrica da Yamaha no Polo Industrial de Manaus
Fábrica da Yamaha no Polo Industrial de Manaus. Crédito: Divulgação/Yamaha

Estudo inédito divulgado, segunda-feira (15), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que a ineficiência brasileira, nas mais diversas áreas, custa R$ 1,7 trilhão por ano. É o famoso Custo Brasil, que drena recursos de toda a sociedade, das mais diversas formas, ano após ano. Para efeito de comparação, pelas contas da ONU (Organização das Nações Unidas), compilados pela Tina (Consultor de Inteligência Comercial e Negociação, na tradução do inglês), o impacto da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos em cima de exportações brasileiras fica em US$ 8,7 bilhões (R$ 46,5 bilhões na cotação atual). Portanto, 2,73% do impacto da ineficiência brasileira calculado pela CNI.

"É claro que o tarifaço é importante e merece a atenção de todos para que seja revertido, mas é muito importante olharmos aqui para dentro do Brasil e entendermos que temos muito por fazer. Estamos perdendo para nós mesmos, não tem nenhum ator de fora. Jogamos fora, todos os anos, mais de 20% do PIB brasileiro", assinalou Paulo Baraona, presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes).

"A sociedade precisa compreender que o Custo Brasil não é um problema exclusivo do empresário, mas de todo mundo. Se somos menos competitivos, empregamos menos, nosso produto fica mais caro, o brasileiro acaba pagando mais por ele, geramos menos riqueza, o bem-estar é menor... enfim é uma espécie de efeito dominó. Todos perdemos", pontuou o dirigente.

Pelas contas da CNI, os maiores 'sugadores' da eficiência nacional são: as questões envolvendo capital humano (qualificação, encargos e judicialização), que custam entre R$ 310 bi e R$ 360 bi por ano; honrar tributos (complexidade, carga alta, os resíduos tributários sobre exportação e economia informal), que fica entre R$ 270 bi e R$ 310 bi; a falta de infraestrutura, que custa R$ 250 bi e R$ 290 bi; o crédito caro, que pesa entre R$ 220 bi e R$ 260 bi; e a burocracia regulatória, que engole até R$ 210 bilhões todos os anos.

Observando mais para as questões do Espírito Santo, Paulo Baraona elenca o que a Findes considera os grandes problemas a serem enfrentados. "O Estado ainda tem graves problemas de infraestrutura, caso das ferrovias, ainda mais em se tratando de uma região com enorme potencial para entregas logísticas; de capital humano; burocracia, ainda mais quando o assunto é licenciamento ambiental; e de acesso ao crédito, muito embora o Bandes (Banco de Desenvolvimento do Estado) tem melhorado muito nos últimos anos. São travas para o desenvolvimento, uma conta que é paga por todos".

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