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Com mais de 50% da produção do ES indo para os EUA, Suzano vê cenário complicado

Entre todas fábricas da multinacional brasileira no país (além da do Espírito Santo, há unidades em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Bahia, Ceará, Maranhão e Pará), a mais afetada é a de Aracruz

Vitória
Publicado em 29/07/2025 às 03h00
Fábrica da Suzano, em Aracruz
Fábrica da Suzano, em Aracruz, Norte do Espírito Santo. Crédito: Fernando Madeira

Uma das empresas mais impactadas pelo tarifaço anunciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, em cima das exportações brasileiras será a Suzano, gigante global da produção de papel e celulose. Entre todas fábricas da multinacional brasileira no país (além da do Espírito Santo, há unidades em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Bahia, Ceará, Maranhão e Pará), a mais afetada é a de Aracruz.

Números apresentados por executivos da própria companhia, na primeira reunião do comitê criado pelo governo do Estado para reagir aos impactos da tarifa na economia capixaba, nesta segunda-feira (28), mostram o seguinte: 52% de tudo o que foi produzido pela Suzano no Estado foi para os Estados Unidos - US$ 559 milhões (R$ 3,13 bi) e 1,035 milhão de toneladas, em 2024. Em 2025, já foram negociados US$ 250,5 milhões (R$ 1,4 bilhão) e 520,8 mil toneladas com os norte-americanos. Portanto, estamos falando de uma pancada sem precedentes em uma das maiores empresas do Espírito Santo.

Os grandes compradores são pesos-pesados da indústria dos EUA: Kimberly Clark e Procter & Gamble, dois dos maiores fabricantes de papel de higiene pessoal do mundo. Há décadas, desde os tempos de Aracruz Celulose, que a fábrica capixaba produz celulose sob medida para os clientes dos Estados Unidos. A mistura de madeira e os produtos químicos utilizados são específicos. Só se chega a este nível de personalização após anos de estudos. Ou seja, o tarifaço é bem ruim para a fabricante brasileira, mas é muito ruim para eles também. Por isso, há uma articulação forte em andamento entre vendedores e compradores. "A mudança de cliente, no nosso caso, significa mudar o padrão da fábrica, o que não se faz da noite para o dia. É muito ruim para nós, mas é para eles também, afinal, se veriam obrigados a mudar um fornecedor de décadas. É uma situação complicada", explicou uma executiva da Suzano.

Se nada for alterado até sexta, quando o tarifaço anunciado passa a valer, a companhia brasileira perderá competitividade nos Estados Unidos e pode se ver obrigada a buscar novos mercados. México (que abriga unidades fabris dos clientes norte-americanos da Suzano) e China (com novos compradores) são vistos como boas opções. E o mercado brasileiro? Não absorve a produção que vai sobrar.

Os planos A, B e até C estão na mesa, mas, a três dias do prazo dado por Trump para o início da cobrança, o desejo número um é que a diplomacia e a racionalidade prevaleçam e um acordo equilibrado saia do papel. Nenhuma das alternativas é simples, portanto, mantido o que está anunciado - tarifa de 50% em cima de todas as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto -, o cenário de médio prazo (início de 2026) é tido como insustentável para o tamanho atual da produção.

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