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12 mil empregos: indústria aeronáutica vai impor desafio para o ES

A intenção é, a partir de 2025, preparar 500 profissionais por ano para trabalhar no setor. Projeto do parque fabril coloca a academia lá dentro

Publicado em 13/04/2024 às 03h40
Imagem do projeto da HBR para Linhares
Projeto da HBR para Linhares. Crédito: Divulgação HBR

Se confirmada, a vinda da HBR Aviação para o Espírito Santo, um investimento de R$ 2,5 bilhões, vai impor um grande desafio ao Estado: qualificação da mão de obra. Pelas contas dos investidores, a operação, prevista para 2027, abrirá 2 mil postos de trabalho diretos e 10 mil indiretos. Boa parte destas vagas, principalmente as diretas, são altamente especializadas. E tem mais um agravante: o setor aeronáutico não tem qualquer tradição por aqui. Aliás, um dos motivos de o Espírito Santo estar forte na concorrência pela unidade é a proximidade com São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, estados que abrigam essa mão de obra: fica menos difícil atrair esse pessoal.  

No caso específico do projeto da HBR, já está sendo montada uma parceria com a Universidade de Vila Velha (UVV) com o objetivo de fazer um grande trabalho de qualificação. Do técnico ao engenheiro. A intenção é, a partir de 2025, preparar 500 profissionais por ano até 2027, quando será iniciada a operação. Depois de pronto, o parque fabril de Linhares, desenhado para funcionar ao lado do aeroporto da cidade, vai abrigar a HBR Academy, que será administrada pela UVV. Será um prédio/campus de 4 mil m² dentro da área de produção. Isso mostra como a questão da qualificação é uma questão central para a viabilidade do negócio.

"Em um primeiro momento, teremos de trazer gente de fora, sem dúvida, mas a ideia é formar pessoas no curto, médio e longo prazos. Por isso, o projeto foi concebido com uma academia lá dentro, a questão é central. Vamos precisar de técnicos de todos os tipos, engenheiros, investimento em tecnologia e muita inovação. É algo grande, com muito valor agregado e que exige mão de obra qualificada", explicou Sérgio Gonçalves, diretor de Novos Negócios da HBR.

"O desafio é enorme. Além da grandiosidade dos números, trata-se de uma indústria que não tem tradição aqui no Espírito Santo, algo completamente novo. Temos de trabalhar com velocidade e pensando grande, temos de mirar no que foi e é feito lá em São José dos Campos, pólo aeronáutico do Brasil e onde está o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica)", assinalou José Luiz Dantas, presidente da UVV.

Perspectiva da HBR Academy, em Linhares
Perspectiva da HBR Academy, em Linhares. Crédito: Divulgação/HBR

A HBR Aviação, maior empresa de manutenção e montagem de aeronaves do Brasil, quer montar uma planta para a conversão de aeronaves de passageiros em aviões de carga em Linhares, ao lado do aeroporto da cidade. Eles estão de olho em uma demanda cada vez maior das empresas de e-commerce. A ideia é converter até 100 aeronaves por ano na estrutura linharense.

A provável chegada da indústria aeronáutica ao Espírito Santo pode ser uma boa oportunidade para colocar o tema qualificação no centro do debate econômico do Estado. A taxa de desocupação capixaba fechou 2023 em 5,7%, bem abaixo da média nacional (7,8%). Para muitos empresários e economistas, trata-se de pleno emprego, afinal, como o nível de qualificação é insuficiente, a mão de obra disponível não atende às necessidades básicas exigidas pelos empregadores. Resultado: o turnover (taxa de rotatividade dos funcionários) vem crescendo forte nos mais variados setores da economia. 

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