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Carnaval de Vitória: natureza e fé ditam o desfile da Mocidade da Praia

Carnaval de Vitória: natureza e fé ditam o desfile da Mocidade da Praia

Escola representou a luta daqueles que se esforçam para preservar o manguezal diante dos exploradores, refletindo a interação histórica e contínua entre o ser humano e o mangue

Publicado em 3 de fevereiro de 2024 às 00:22- Atualizado há 3 meses

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Beatriz Heleodoro
Produção CBN Vitória / [email protected]
Mocidade da Praia foi a segunda escola a desfilar no Sambão do Povo nesta sexta-feira (2)(Rodrigo Gavini)

Segunda escola a desfilar na noite desta sexta-feira (2), a Mocidade da Praia chegou ao Sambão do Povo às 23h30 com o enredo “Mangue: a Origem da Vida”. A chuva que abriu a noite e marcou a passagem da Andaraí, primeira escola a desfilar, deu trégua e permitiu que a agremiação da Praia do Canto trouxesse as cores azul, branco e vermelho para a avenida sob céu limpo. Ainda assim, a escola apresentou problemas técnicos em um de seus elementos.

Com cerca de 1.100 componentes, a Mocidade contou com 19 alas, três carros alegóricos e um tripé. Sob o comando do carnavalesco Alex Santiago, a escola buscou mostrar a importância dos manguezais — tradicionais no Espírito Santo —, que desempenham papel vital na manutenção da saúde ambiental.

O samba-enredo carregou histórias e tradições de comunidades indígenas e africanas, incorporando elementos místicos e reais, condenando as ameaças ao meio ambiente.  "Entre contos e lendas de sedução, a maré se renova onde reina a emoção", era parte da estrofe que integrantes e público cantavam em coro. Ao mesmo tempo, a escola quis homenagear a Capital capixaba e o Lameirão, que é considerado o maior manguezal urbano da América Latina.

Logo na comissão de frente, a escola representou a luta daqueles que se esforçam para preservar o manguezal diante dos exploradores. Piratas, protetores das águas sagradas, uma indígena, um caranguejo e a divindade Nanã Buruquê embalaram conflitos,  refletindo a interação histórica e contínua entre o ser humano e a natureza.

Mocidade da Praia foi a 2ª escola a desfilar no Sambão do Povo nesta sexta (2)
Mocidade da Praia foi a 2ª escola a desfilar no Sambão do Povo nesta sexta (2). (Rodrigo Gavini)

Entre os destaques, a Mocidade da Praia também fez homenagem a Iemanjá, que é celebrada justamente no dia 2 de fevereiro, data do desfile deste ano. Na última alegoria, a Rainha das Águas veio logo à frente abrindo os caminhos para a escola. O objetivo do carro, que também contava com uma escultura de uma paneleira, era representar a essência da ilha de Vitória.

"Nosso cantinho de ensaio fica próximo ao píer de Iemanjá, que também é um cartão de visita da cidade. Aproveitamos a data e preparamos a homenagem", disse Luciano de Paula Pires, presidente da agremiação.

Problemas na alegoria

Logo no começo do desfile, o pede-passagem (elemento que conta com o nome da escola e é ligado ao carro principal por uma corda) apresentou problemas, o que dificultou o desenvolvimento da agremiação na avenida. Uma das duas esculturas do elemento tombou, mas foi logo colocada no lugar pelos empurradores do carro. 

Tripé da Mocidade da Praia, a 2ª escola a desfilar, apresenta problema logo no início do desfile no Sambão do Povo
Tripé da Mocidade da Praia, a 2ª escola a desfilar, apresentou problema logo no início do desfile no Sambão do Povo. (Beatriz Heleodoro)

Para o presidente da escola, Luciano de Paula Pires, o imprevisto não tira o sentimento de dever cumprido. "Foi muito difícil fazer o carnaval. Colocar um carnaval deste tamanho na avenida é muito difícil. Mas a gente está feliz que deu certo. Eu acredito de verdade que a gente fez dar certo. Agora é esperar a quarta-feira", compartilhou.

Alguns segundos a mais

A Mocidade da Praia completou a passagem pela avenida do samba com exatos 55 minutos e 25 segundos. O tempo máximo para as escolas é de 55 minutos.

Segundo o presidente da Liga das Escolas de Samba do Grupo Especial (Liesge), Edson Neto, um segundo após o tempo máximo já configura infração. “Com 55:25, perde 1 décimo. Se fosse 55:01, também perderia 1 décimo”, explicou.

A escola

Fundada no fim dos anos 40, a Mocidade da Praia foi formada a partir de esforços de moradores da Praia do Canto, Jardim da Penha, Praia do Suá, Gurigica, Morro da Garrafa e Jesus de Nazareth.

O que antes era uma batucada, que, inclusive, conquistou muitos concursos na Capital, se tornou uma escola de samba em 1972. Desde então, a agremiação acumula dois títulos no Grupo Especial e dois nos grupos de acesso. 

Ficha técnica

  • CORES DA ESCOLA: azul, branco e vermelho
  • SÍMBOLO: caravela, estrela e gaivota
  • PRESIDENTE: Luciano de Paula Pires
  • CARNAVALESCO: Alex Santiago Duarte
  • RAINHA DE BATERIA:
  • INTÉRPRETE: Guilherme Kauã
  • NÚMERO DE ALAS: 19

O samba-enredo

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