Publicado em 30 de novembro de 2017 às 16:13
Era dia 9 de dezembro de 1967 quando dez mil capixabas se reuniram na entrada do Estádio Governador Bley, em Vitória, para requererem um cartão de Natal - que seria uma espécie de auxílio dado a pessoas com renda baixa. Durante um tumulto, a grande quantidade de pessoas no local fez com que nove delas fossem pisoteadas até a morte. Há registro de várias pessoas feridas.>
Reportagem de A GAZETA, publicada um dia depois da tragédia, trazia informações sobre como tudo aconteceu. A notícia detalha que os funcionários do estádio já esperavam muitas pessoas, mas que a ideia seria a de que a população receberia o cartão ordenadamente. "[...] não podendo conter a avalanche de pessoas que, aos empurrões e gritos, provocaram a queda das vítimas [...]", relata a reportagem. >
Na ocasião, nove pessoas morreram e outras quatorze foram socorridas e levadas para o então Pronto Socorro de Vitória. Parentes e amigos das vítimas, em seguida, se distribuíram entre a porta do estádio e o Instituto Médico Legal (IML) para identificação dos corpos, transportado por uma viatura da Polícia Civil , como revela matéria de A GAZETA.>
As pessoas feridas sofreram apenas leves escoriações, e nenhuma delas ficou internada.>
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Leia a reportagem, na íntegra, como foi publicada na ocasião:>
"Nove pessoas morreram e outras quatorze foram socorridas no Pronto Socorro de Vitória, vítimas da tragédia ocorrida ontem (sábado, 10 de dezembro de 1967) pela manhã no Estádio Governador Bley, na Avenida Alberto Torres, em Jucutuquara, nesta Capital, quando ao se abrirem os portões para a distribuição de cartão de Natal, uma multidão invadiu as dependências do estádio provocando a queda e pisoteamento das vítimas. >
Ao local compareceram o Governador Christiano Dias Lopes, o secretário de Segurança, senhor José Dias Lopes, secretário Antônio Dias de Souza, o delegado Nelson Pimentel e outras autoridades. >
A VERSÃO>
A Reportagem de A GAZETA esteve no local da tragédia, bem como no Pronto Socorro e Necrotério, ouvindo autoridades e pessoas ligadas ao triste acontecimento. >
A versão corrente é que o funcionário do estádio esperando que o numeroso público que já se comprimia na Avenida Alberto Torres, entrasse ordenadamente no estádio. Abriu os portões. Não podendo conter a avalanche de pessoas que, aos empurrões e gritos, provocaram a queda das vítimas, pisoteando-as. Ao conseguir deter a multidão, com ajuda de policiais, encontravam-se caídas inúmeras pessoas, entre muitos gemidos e impropérias. >
POLÍCIA SOCORRE >
Imediatamente, uma viatura da Rádio Patrulha providenciou o transporte dos feridos para o Pronto Socorro transportando nove cadáveres que se encontravam no local, para o necrotério do Instituto Médico Legal.>
Todas as vítimas eram mulheres, em sua maioria de meia idade, de cor parda que ali estavam na esperança de receber um cartão para presente de Natal. >
O LOCAL>
Apesar de isolado pela polícia, algumas pessoas que já haviam entrado no estádio, ainda se encontravam em seu interior, calculadamente dez mil pessoas, em sua maioria mulheres idosas e grávidas, outras com crianças ao colo misturavam-se com mendigos e vendedores. >
De quando em vez, com a chegada de algum carro da polícia, ou devido a qualquer boato, haviam ocorrências, voltando quase de imediato a formar a massa compacta, que forçava os cordões de isolamento reforçados pelos policiais. Apesar do uso de megafones, pela polícia, o público mantinha-se propenso a entrar no estádio, movido pela curiosidade ou determinação de apanhar o presente prometido.>
GRUPINHOS>
Em quase todas as ruas de Jucutuquara eram vistos grupos de moradores curiosos, que comentavam, perguntavam a pessoas que passavam com lágrimas nos olhos supostamente parentes das vítimas ou emocionadas com a tragédia. >
Em frente ao Instituto Médico Legal e no Pronto Socorro era também grande o número de curiosos que atrapalhavam o desempenho das autoridades e o acesso de possíveis parentes àquelas repartições. >
NO PRONTO SOCORRO>
No Pronto Socorro da Santa Casa de Vitória, o chefe do plantão, doutor Prezotti, informou à reportagem que 14 pessoas foram socorridas, todas mulheres em sua maioria com mais de 50 anos, não ficando nenhuma delas internada e todas com contusões. Apenas uma jovem, vítima da multidão, apresentou ferimento contuso na perna, sendo medicada e retirando-se após. Em outros serviços médicos, nenhuma vítima deu entrada. >
VÍTIMAS NO PRONTO SOCORRO>
Das dezenas de pessoas feridas, a maior parte com leves escoriações, foram medicadas no Pronto Socorro da Santa Casa as seguintes: Luzinete Gomes, Anita Micaela, Dolores Rodrigues, Maria de Lourdes Alaíde, Eunícia Martins, Orly Gomes Alaíde, Cândida da Vitória, Leonídia Vidal Henrique, Maria de Oliveira Nascimento, Maria Conceição de Souza, Jucirene Rodrigues de Souza Amarolina José Barcelos, Benedita Nascimento [...]. >
NOVE MORTAS>
Nove foram os corpos transportados para o Instituto Médico Legal da Polícia Civil. Desses até a hora em que encerrávamos a presente reportagem estavam identificados os de Cecília Santos, residente em Maruípe, Jovenila Santos, residente em São Torquato, [...], Madalena Gama, residente no Garrido, Alzira Maria de Jesus, Maria Trança, residente em Porto de Santana, uma mulher conhecida Maria Cambucira, residente nos Alagoanos [...]. Um corpo apenas até à tarde não havia sido identificado.">
Com informações do CEDOC de A GAZETA>
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