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Lenda de túneis no Palácio Anchieta ainda deixa historiadores curiosos

Lenda de túneis no Palácio Anchieta ainda deixa historiadores curiosos

As passagens subterrâneas seriam feitas para fugas dos jesuítas e também para esconder ouro

Publicado em 12 de junho de 2015 às 18:39

Uma lenda que até hoje deixa curiosos historiadores do Espírito Santo: os túneis no Palácio Anchieta, em Vitória. Eles ligariam o local a vários pontos próximos da Cidade Alta, como a Catedral Metropolitana, antiga Matriz, e ao cais que existia na época da colônia no Brasil. Essas passagens subterrâneas seriam feitas para fuga, em caso de invasões, e para esconder ouro. Mas até hoje nada foi comprovado pelos estudiosos sobre a real existência delas. 

Um dos túneis realmente foi visto e era usado no início do século passado para canalização de esgoto do Palácio Anchieta. De acordo com um estudo do historiador Renato Pacheco, datado de 1998, esta passagem teria sido usada pelo construtor Justin Norbert, em 1900, para este fim. Esse construtor foi contratado para dar a aparência atual do Palácio Anchieta.

Na época do Brasil Colônia, até o século XIX, e da busca por ouro em Minas Gerais, o Espírito Santo era usado para barrar invasores que quisessem chegar às jazidas de ouro. As duas capitanias eram uma só nesta fase. Tanto que o Estado foi chamado de Barreira Verde, já que era isolado e não tinha estradas que ligassem às Minas. “O Estado era vulnerável a invasões pelo mar. Os invasores entravam de navio na região costeira para tentar chegar ao ouro”, afirma o historiador Gabriel Bittencourt.

As passagens subterrâneas seriam uma forma de fuga. Um desses túneis ligaria o Palácio Anchieta, que na época da colônia era o Colégio Jesuíta São Tiago, ao cais onde hoje é a Rua General Osório, no Centro da capital. As fugas então se davam direto ao mar, onde os Jesuítas correriam menos risco, já que não precisavam passar pela superfície. “Na época Vitória não tinha um porto, mas barcos pequenos chegavam por este cais. A água batia onde hoje é a Avenida Jerônimo Monteiro, em Vitória. As ruas dali são todas aterradas hoje”, afirma Bittencourt.

Túnel mortal 

Outra passagem subterrânea ligaria Rua Nestor Gomes, onde hoje há um jardim e esculturas, à Catedral Metropolitana, na Cidade Alta. Ele também daria acesso a antiga matriz e ao Convento do Carmo. O objetivo desse túnel também seria a fuga. Um quarto túnel ligaria ao Convento São Francisco, pela Rua Francisco Araújo.

Professor do século passado que escreveu um artigo falando da história dos túneis, Adolfo Oliveira contou que encontrou uma passagem obstruída no Convento São Francisco, também na Cidade Alta, que poderia ser para este túnel. Segundo a lenda, a passagem escondia armadilhas perigosas e letais, feitas pelos jesuítas. Essas armadilhas matavam quem entrasse nesses locais.

Poço 

A única coisa realmente comprovada foi um poço que servia para abastecer o Palácio Anchieta na época em que ainda era Colégio São Tiago. Ele fica no pátio e foi restaurado. "Vitória tinha muita dificuldade de abastecimento nesta época. Em período de seca era preciso buscar água em outras regiões fora da ilha", lembra Bittencourt. 

Os Jesuítas, que teriam feitos os túneis foram expulsos do Brasil em 1760, por um decreto do governo português que dominava o Brasil na época. Todos os bens foram tomados e o Colégio São Tiago ficou com o governo. O que existe sobre a história dos túneis de concreto são apenas lendas e artigos não comprovados do século passado. “Se existiam túneis ali, estavam bem escondidos”, ressalta Gabriel Bittencourt.

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